Crise amplia mercado de tecnologia da informação, onde faltam candidatos

Para os profissionais de Tecnologia da informação a crise é na verdade uma oportunidade. Segundo o Banco Nacional de Empregos (BNE), em levantamento de janeiro a setembro, o Brasil tem hoje 12.652 vagas em aberto para profissionais de tecnologia da informação (TI) em 26 estados. São 4.603 vagas a mais na comparação à oferta de 2019, um crescimento de 63%.
Os destaques em 2020 são as regiões Sudeste e Sul, onde estão a maioria das vagas, nessa ordem: São Paulo (5.793 vagas), Santa Catarina (1.378), Paraná (1.105), Rio Grande do Sul (1.020), Rio de Janeiro (858) e Minas Gerais (669).
Na comparação ao ano passado, o aumento das vagas de TI em São Paulo foi de 138%, e basicamente as ofertas eram nos mesmos estados, mas a ordem teve leve alteração: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Para Marcelo de Abreu, presidente do BNE, durante a pandemia muitos consumidores optaram por serviços delivery, internet e e-commerce, ou seja, áreas diretamente ligadas à tecnologia. “Ela tornou-se necessária dentro das empresas para que o atendimento continuasse acontecendo, o que consequentemente responde esse aumento de vagas nessa área. A tecnologia deixou de ser um diferencial e se tornou essencial, seu uso virou parte do negócio e as empresas estão buscando essa migração para os meios digitais. Os profissionais de TI e desenvolvedores possuem atualmente amplas oportunidades no mercado”, comenta.
Além desse cenário positivo para quem pensa em se especializar na área, há outro fator que favorece os profissionais de TI: o home office. E de duas maneiras. A primeira é o retorno para as sedes físicas, afinal há diversos fatores que tornam difícil o trabalho em casa. Há as companhias que estão, aos poucos, retomando suas atividades nos escritórios. Segundo uma pesquisa recente da consultoria KPMG com 1.124 executivos de todas as regiões brasileiras, 51% deles planejam chamar uma parte de seus funcionários de volta ao batente presencial até o fim do ano. Desse total, quase um terço vai fazer isso ainda em setembro.
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E a outra maneira é justamente o contrário, a manutenção do trabalho remoto, pois obrigar os funcionários a retornar ao presencial pode comprometer ainda mais seu desempenho. E há companhias que já estão desenhando modelos híbridos de trabalho, ou que já anunciaram manter o home office após a pandemia, gigantes como Twitter e Nubank, por exemplo.
“A transformação digital é uma realidade da qual as empresas aos poucos estão percebendo que precisam se adequar para manter a competitividade e elevar os resultados de negócios. Investir e apoiar o departamento de Tecnologia da Informação significa hoje trazer maior agilidade, escalabilidade e simplicidade no gerenciamento da empresa. Em um momento no qual os dados são cada vez mais importantes e valiosos, bem como sujeitos à diversas leis de conformidade, as companhias precisam investir em soluções que aumentem a resiliência da sua estrutura de TI”, afirma Ricardo Zanlorenzi, presidente da Nexcore Tecnologia.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), há 845 mil empregos no setor de Tecnologia da Informação no Brasil, e a demanda anual por novos talentos projetada até 2024 está em 70 mil profissionais. Já a Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES) revelou um crescimento de 6,7% no setor global de TI, sendo que no Brasil o segmento cresceu 9,8%. Ao todo, existem cerca de 19.372 mil empresas atuando no setor de Software e Serviços no Brasil, sendo 27,3% (5.294) delas voltadas ao desenvolvimento e produção de software.
Porém, apenas 46 mil pessoas se formam por ano no Ensino Superior com o perfil necessário para atender essas vagas. O estudo divulgado Brasscom ainda projeta que o mercado de TI pode apresentar um déficit de 290 mil profissionais em 2024.
“O momento nunca foi tão propício para os profissionais da área, porque é um momento de aceleração para segmentos como TI e Telecom, e é também o momento da valorização da segurança de dados em praticamente todas as empresas. Temos processos seletivos constantes – inclusive estamos com um em vigência – e acompanhamos uma evolução no preparo dos candidatos, bem como a ampliação da presença de mulheres especializadas, mas ainda há escassez em algumas especialidades como desenvolvimento e infraestrutura”, afirma Ricardo Zanlorenzi, presidente da Nexcore Tecnologia.