Escritora petropolitana, Sandra Brito, fala sobre Machado de Assis, em homenagem ao Dia da Consciência Negra
Sandra Brito é professora e escritora, autora do livro “O Tom confessional e autobiográfico na epistolografia de Machado de Assis” da editora portuguesa Chiado Books.
E para homenagear o Dia da Consciência Negra, nada melhor que falar sobre o maior escritor da Literatura Brasileira, Joaquim Maria Machado de Assis, ou simplesmente Machado de Assis, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e criado na senzala do Livramento, onde viviam seu pai e seus avós, escravos.
Mas poucas pessoas conhecem o verdadeiro Machado – eis aqui uma de suas facetas: Mesmo antes de completar seus 25 anos, o jovem autor já acumulava uma larga experiência nas mais diversas áreas literárias, como a poesia, o teatro, a crônica e a crítica. Suas novelas já haviam sido publicadas e várias de suas comédias estavam sendo representadas — muitas, inclusive, com arrecadação revertida para a causa abolicionista ou para comprar cartas de alforria de escravos, já que o autor participava ativamente desta causa, contrariando o seu tão propagado “absenteísmo” em relação à questão escravista. Seu papel fora, inclusive, decisivo quanto à aplicação da Lei do Ventre Livre e à resolução de processos de libertação, já que exercia um importante cargo enquanto chefe da seção encarregada da emancipação de escravos. Contrariando os leigos, é bom que se lembre, que o autor sempre esteve envolvido com tais questões.
As peças “O caminho da porta” e “Gabriela”, representadas por diversas vezes em São Paulo entre os anos de 1862 e 1864, incluíam, em seus slogans, os seguintes dizeres: “Em benefício para uma liberdade”; “Ide, porque dest’arte também concorrereis para dar a liberdade a um escravo, e assim dar mais um cidadão à pátria”. Muitos destes registros só nos foram passíveis de entendimento por meio de suas cartas pessoais, uma vez que, como negro, pobre e sem qualquer tipo de formação acadêmica, o Mestre Machado sabia muito bem que não cabia a ele, naquela sociedade carioca oitocentista tão arraigada a valores e preconceitos, um papel de porta-voz do Abolicionismo – como alguns fizeram – pois ele seria simplesmente ignorado daquele círculo de autores e jornalistas. Seu papel consistia em trabalhar incansavelmente nos bastidores, enquanto cresciam seu prestígio e sua influência.
Para saber mais a respeito desta e de outras histórias, acesse:
http://www.estantechiado.com.br/pd-7946cc-o-tom-confessional-sandra-brito.html?ct=&p=1&s=1
Vale a pena conferir!