Ilha de Marajó, o paraíso que você  precisa conhecer

Por Andrine Perrone


Este ano eu decidi que passaria meu aniversário (18/02) neste paraíso chamado Ilha de Marajó, que eu já ensaiava conhecer há muito tempo. Marajó estava na minha lista de destinos nacionais desde 2019. Depois de uma viagem incrível pelo Amazonas, voltei para São Paulo determinada a explorar o norte do Brasil. Como todos os planos de viajar em 2020 foram adiados devido a pandemia, de Covid-19, eu estava decidida a conhecer esse “oásis” amazônico ainda este ano de 2021. Juntei o útil ao agradável e embarquei rumo a Belém no Pará, em um voo da Latam, partindo do aeroporto internacional de Guarulhos. A viagem de 3h30 foi cheia de expectativas, já que eu quase não tinha roteiro definido para esta aventura.

Praia de Barra Velha – Soure


Como assim Andrine? Simples, eu olhei algumas referências e dicas que achei no Youtube e Google, mas não tinham tantas informações, eu só tinha o destino e a vontade de conhecer. Então, confiei nas dicas dos locais. Foi uma aventura e tanto!

Tenho viajado em modo slow travel ( explicarei mais nos próximos posts) e tenho tido experiências incríveis, viajando sem pressa e sem cobranças. Bom, mas vamos falar de como fiz para chegar lá, quanto gastei e qual foi meu roteiro nestes dias de aventura no Marajó.

QUANTO GASTEI


A pergunta que mais recebo no meu Instagram todos os dias é : Quanto você gastou, Andrine? Quanto mais ou menos de dinheiro eu devo levar? Eu não tenho uma fórmula para isso, confesso! Até meu mochilão asiático em 2018 eu tentei e muito fazer uma planilha de gastos e segui-la, porém no meio da viagem eu já nem olhava mais ela. Quando você se torna um viajante profissional, ou melhor experimente, você vai dosando os gastos conforme o dinheiro que você separou para levar e isso tudo é muito pessoal. Como mochileira eu sempre me hospedo em hostel, o que já economiza metade do orçamento, mas às vezes viajando com amigos os hotéis compensam mais.

Rodrigo cantou muito carimbó para gente


Nos hospedamos no @habitatmarajohostel e três diárias custam 180 reais por pessoa, um bom preço já que era baixa temporada, poucas opções de hospedagem e tempos de pandemia.

Reservamos o hostel pelo Booking.com. O dono do hostel, o Rodrigo, é sensacional. Um artista que tocou muito carimbó para gente e nos deixou bem à vontade. No hostel tinha pé de carambola, acerola, manga e algumas outras frutas. Um hostel com frutas orgânicas é tudo que um vegetariano precisa. Achei incrível que ele faz compostagem e também é super sustentável criando vários móveis de madeira das árvores que caem para a hospedagem. Simples porém super agradável. A Meire, a esposa e as crianças tratam os hóspedes como se você fossem da família ( de verdade saí de lá como se fosse) e por este valor ainda tivemos um ótimo café da manhã com a família, que me fez não querer mais ir embora no último dia.

Na imagem um pescador marajoara.



O transporte de ida e volta até Belém saiu quase 100 reais, e o aluguel da moto já com combustível (alugamos no hostel) 100 reais a diária e super compensou. Nosso tour pelo igarapé – descrito abaixo – custou 70 reais por pessoa. Almoço em média 30 reais e quase o mesmo gasto com a janta. Isso são valores em média já que sou mulher e vegetariana. Mas confesso que foi uma viagem super em conta para a quantidade de atrativos que tem Soure e contando também que só ficamos três dias e meio na ilha.


COMO CHEGAR NA ILHA DE MARAJÓ


Falando da minha experiência pessoal, antes de tudo preciso explicar que a Ilha de Marajó é um arquipélago que tem cerca de 3.000 ilhas e ilhotas, sendo o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo. Para chegar aos municípios de Soure e Salvaterra você terá a opção de ir de balsa ou lancha rápida. Escolhemos ficar em Soure por ser a famosa “capital do Marajó” e também a mais movimentada. Acordamos cedinho e fomos ao Terminal Hidroviário de Belém rumo a Soure.

A lancha rápida é da empresa Expresso Golfinho e o trecho custou 48 reais e a viagem durou cerca de 2 horas e foi bem confortável.

Expresso Golfinho



Ainda sobre a minha experiência pessoal, o Expresso Golfinho não faz a travessia de volta até Belém no domingo, tivemos que comprar bilhete de uma agência de turismo – Edgar Turismo – e eles nos levaram de ônibus até atravessar a balsa e de lá pegamos o navio ( seria mais como um barco maior ) de volta a Belém. A viagem demorou mais de três horas de travessia e o percurso total desde o ponto de encontro com a agência até Belém foi de 5 horas. A diferença é gigante não é ? Outra dica é que o Expresso Golfinho por ser mais rápido ele lota com facilidade, tivemos sorte de ainda achar bilhetes na ida. Mas, para segunda-feira por exemplo, ( voltamos no domingo) já estava esgotado havia 2 dias!

A empresa não vende o bilhete online que dificulta ainda mais a vida. Minha dica é ter muita atenção nesta travessia para evitar maiores transtornos. É bom separar pelo menos 2 dias em Belém para comprar ida e volta antecipado – já que todo mundo faz isso.


O QUE FIZ EM MARAJÓ


Bom, antes de falarmos do meu roteiro em Marajó, queria recomendar que você reserve pelo menos uma semana na ilha. Por ser um paraíso de biodiversidade, uma calmaria de dar gosto e gente tão simpática , você ficará com gosto de “quero mais” certeza. Ficamos três dias no município de Soure em Marajó, que foi extremamente pouquinho devido a quantidade de ilhotas ao redor. Nós tivemos uma programação curta na ilha e também fomos em uma época não muito recomendada para turismo por lá ( falarei mais adiante sobre quando ir) em épocas de chuvas amazônicas não nos sobraram muitas opções.
Um ponto positivo é que na baixa temporada, chamada popularmente de inverno amazônico, os preços são bem mais em conta com hospedagem, porém as opções de locomoção e turismo são bem mais limitadas. Para se locomover em Soure você terá que usar o famoso moto táxi ou táxis, alugar uma moto ou uma bicicleta. Optamos por alugar uma moto, que deixou a viagem ainda mais aventureira. Nos hospedamos na rua 16 – sim é como Brasília as suas são apenas números – da nossa rua até o porto de chegada da cidade de Soure era bem pertinho, um pouco mais que 5 minutos caminhando e mais ou menos uns 15 minutos da Praia da Barra Velha uma das atrações da cidade.

Fim de tarde na praia da Barra Velha – Soure



Passamos quase o dia todo na Praia da Barra Velha no nosso primeiro dia de Marajó, foi uma tarde deliciosa, almoço bem servido na praia, 28 reais custou o meu prato e a praia estava super vazia e agradável. Além do caminho até Barra Velha ser cheio de fazendas com os famosos búfalos de Marajó e com muitos cavalos na estrada, assim é Soure. A noite foi super agradável no centrinho da cidade, nos sentamos em uma barraquinha de lanches e fizemos amigos a lua estava linda. Outra curiosidade de Soure é que você não tem que se preocupar com segurança, por ser uma cidade super pacata, ainda mais em baixa temporada, também acaba sendo segura, o que já não acontece em Belém por exemplo.

O maior rebanho de búfalos do Brasil está em Soure



No segundo dia, fomos cedo explorar a Praia do Pesqueiro. Esta praia está localizada a 8 km do nosso hostel. A Praia do Pesqueiro é uma incrível vila de pescadores e as casas são todas construídas de madeira, cada uma ao gosto do morador, que a torna ainda mais rústica e autêntica. A areia desta praia é bem mais soltinha e branquinha que a da Barra Velha e lá também os turistas podem tirar fotos dos búfalos. Como este é um blog que preza imensamente pelo bem estar dos animais, aqui eu não recomendo fazer passeios com búfalos ou tirar foto com eles, por mais que gere empregos e renda aos moradores da ilha, o bem estar dos animais neste BLOG é prioridade sempre. É claro, não fizemos nenhum tour com os animais.

Igarapé do Poço Encantado



Bom, do Pesqueiro partimos para um tour náutico super delicioso e que recomendo muito porque é uma delícia. Fizemos o passeio – Igarapé do Poço Encantado – com o guia @renangaialima e custou 70 reais por pessoa. O tour é incrível, no caminho o barco vai passando pelo igarapé do Pesqueiro até o igarapé do Poço Encantado, onde você pode apreciar a fauna e flora marajoara. Não deixe de observar as garças e os vermelhinhos guarás que contrastam com o verde das matas nativas. No percurso você vai conhecendo a vegetação do mangue, é lindo! No final do roteiro fomos até a vila de pescadores. O passeio é sempre feito na maré alta, portanto não é possível escolher um horário fixo você precisa tirar este dia livre, garanto que não irá se arrepender.


Ao final do tour você retornará para a vila de pescadores do Pesqueiro. Aproveite para contemplar o final do dia nas águas mornas da praia. Recomendo que de lá siga para o centro da cidade e coma um delicioso pão de queijo feito com leite de búfala na fazendinha Buba, um café com deliciosas opções regionais. Para jantar fomos na @cozinhatucupi, culinária típica marajoara. Como sou vegetariana senti falta de mais pratos para vegetarianos e veganos, mas não deixe de conhecer por que é um ambiente agradável a comida é uma delícia, comi um sanduíche de queijo de búfala com cebolas caramelizadas, além de provar o famoso caldo de tucupi com jambu.

Casas na Ilha de Soure – Marajó



No nosso último dia de Soure, fomos conhecer o trabalho incrível dos artesãos marajoara. São peças únicas produzidas a mão em um trabalho colaborativo e social que é fantástico, dá vontade de comprar tudo!

Almoçamos em um restaurante maravilhoso, o prato veio muito bem servido e 50 reais custou nosso prato para dois! Você terá a oportunidade de provar o bife de carne de búfalo ( eu vegetariana troquei por omelete de queijo de búfala) é uma comida muito saborosa. A tarde não deixe de ir provar os sorvetes marajoara no centro da cidade, feitos com as frutas típicas, como açaí e bacuri, e você encontra também sorvete de doce de leite de búfala. Provei todos, é claro!

Arte Marajoara – artesanato

QUANDO IR


Antes de falarmos da melhor época, preciso explicar que lá no Pará por ser região amazônica, eles tem o famoso “Inverno Amazônico” – que é um nome popular utilizado por quem vive nestas regiões para justificar um período com mais nebulosidade, chuva onde faz menos calor, nestas localidades.


Essa é uma dica preciosa, anote! Os meses que vão de novembro a maio são os meses mais chuvosos, principalmente março e abril. Já os meses mais secos vão de junho a outubro, sendo julho e agosto os melhores meses. Fomos em fevereiro, tivemos sorte de não pegarmos chuva em nossos passeios em Marajó, porém chovia toda noite.

Vegetação nativa do Marajó



Como eu viajo em modo slow travel hoje em dia, não tenho mais aquela obrigação de fazer todo o turismo possível. Em Marajó perdi horas conversando com locais, andei de moto, senti o cabelo sobre o rosto, vi o sol brilhar no horizonte, tomei banho de chuva e sujei os pés, observei a maré, senti a água molhar os meus pés, respirei o mais fundo que pude, meditei, colhi carambola e acerola do pé, comi algumas mangas verdes, vi muitos búfalos, prestei a atenção nas casas, nas risadas das pessoas e vivi. Como disse ficaria mais tempo por lá, não menos que uma semana certamente. Mas quem disse que não dá para viajar de modo lento mesmo tendo dias contados?

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1 comentário em “Ilha de Marajó, o paraíso que você precisa conhecer

  1. Parabéns, Andrine! O turismo pelo norte e nordeste do nosso Brasil é incrível! Uma biodiversidade riquíssima. Amei a Matéria

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