As melhores atrações turísticas de Milão (parte I)

Sandra Brito Writer & Traveller

Milão é uma cidade fantástica, repleta de atrações e história. Muitos turistas, no entanto, se esquecem de colocá-la no roteiro, dando preferência às tradicionais Roma, Veneza e Florença. Além de ser considerada o centro financeiro e de negócios da Itália, a capital mundial da moda é uma cidade com um passado influente e uma riquíssima herança cultural.
Você sabia, por exemplo, que Santo Agostinho foi batizado em uma basílica que ficava onde hoje é a Piazza del Duomo? Que os artistas Michelangelo e Leonardo da Vinci, o compositor Verdi, o grande tenor Enrico Caruso e o designer Giorgio Armani viveram e trabalharam em Milão? Que Napoleão foi coroado (na verdade, ele se coroou) dentro da Duomo? Que a cidade foi a sede da fundação do fascismo por Mussolini? Pois é, são inúmeros os fatos que poderíamos citar. Todas essas histórias deixaram Milão com uma abundância de tesouros artísticos, culturais e arquitetônicos – elementos essenciais para todo e qualquer viajante de carteirinha.
A grande Piazza del Duomo, em frente à catedral, é a área central das linhas de metrô. Chegando por ali, você encontrará muitas coisas para ver e fazer por perto. Na pequena Piazza dei Mercanti, você se sentirá como se tivesse voltado à Idade Média ao ficar sob a galeria do mercado de pedra em frente ao Palazzo della Ragione do século XIII.
Ao lado da belíssima Catedral Duomo, entre na elegantemente abobadada Galleria Vittorio Emanuele II, onde você se sentirá avançando séculos de história. Caminhe por ela para chegar à frente da casa de ópera mais famosa do mundo. Tudo está a cinco minutos de distância. A seguir, você encontrará algumas das melhores dicas de atrações imperdíveis de Milão.
Il Duomo – a fantástica Catedral de Milão

A enorme Catedral de Santa Maria Nascente, que os milaneses chamam carinhosamente de “Il Duomo”, está entre as maiores do mundo (tem capacidade para 40.000 pessoas) e é um dos mais belos exemplos de estilo gótico. Foi iniciada no século XIV, mas sua fachada não havia sido concluída até o início de 1800, sob as ordens de Napoleão.
O telhado é coberto por 135 pináculos de pedra delicadamente entalhados e o exterior é decorado com 2.245 estátuas de mármore. O interior escuro, em contraste marcante com o exterior brilhante e ricamente padronizado, causa uma impressão poderosa com seus 52 pilares gigantescos. Os vitrais da nave (principalmente dos séculos XV-XVI) são os maiores do mundo.
Os destaques incluem o candelabro de bronze de sete braços de Nicolau de Verdun, a tumba do século XVI de Gian Giacomo Medici e o relicário de ouro com jóias de San Carlo Borromeo na capela octogonal Borromeo que sai da cripta.
Na sacristia sul encontra-se a tesouraria com trabalhos em ouro e prata do século IV ao século XVII. Uma caminhada no telhado da catedral é uma experiência impressionante, oferecendo as mais belas vistas da cidade e estendendo-se em dias claros até os Alpes cobertos de neve. Um elevador o levará até bem próximo à plataforma da cúpula, com exceção dos últimos 73 degraus (que você deverá subir a pé).
Na frente do Duomo, perto do portal central, você pode descer sob a Piazza del Duomo até as fundações da Basílica di Santa Tecla (séculos IV, V e VII) e do batistério do século IV, Battistero di San Giovanni alle Fonti, que foram descobertos durante a construção do sistema de metrô de Milão. Sem sombra de dúvida, um excelente ponto de partida para sua viagem.
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci

A igreja gótica de tijolos de Santa Maria delle Grazie, no Corso Magenta, foi iniciada por volta de 1465 e sua enorme cúpula de seis lados no melhor estilo do início da Renascença foi projetada por Bramante, um dos arquitetos renascentistas mais influentes da Itália.
A igreja – e o refeitório adjacente, que abriga a Última Ceia, de Leonardo da Vinci – foram gravemente danificados na Segunda Guerra Mundial e, durante os trabalhos de reforma, antigas pinturas na cúpula foram trazidas à luz. Mas a razão pela qual a maioria dos turistas visita Santa Maria delle Grazie é para ver a obra mais famosa de da Vinci, pintada na parede do refeitório do antigo mosteiro dominicano. O Cenacolo Vinciano, como aqui é chamado, foi pintado na parede em têmpera entre 1495 e 1497.

Em vez de representações estáticas anteriores da última refeição de Cristo com seus discípulos, Da Vinci apresenta uma representação dramática da cena, bastante inovadora na época, um marco importante para o desenvolvimento da arte. A pintura, que já havia começado a descascar antes que a destruição de parte da sala a deixasse exposta ao tempo, foi restaurada várias vezes, processo que provavelmente nunca estará totalmente concluído. A entrada é limitada e restrita àqueles com ingressos programados antecipadamente.
Galleria Vittorio Emanuele II: lojas de luxo e cafés elegantes

Formando um lado da Piazza del Duomo e abrindo do outro lado para a Piazza della Scala, a grande Galleria Vittorio Emanuele II foi projetada por Giuseppe Mengoni e construída entre 1865 e 1877. Era então a maior galeria comercial da Europa, com uma cúpula elevada 48 metros acima do piso de mosaico.
Marcando o início da arquitetura moderna na Itália, hoje é um exemplo esplêndido da construção industrial em ferro e vidro do século XIX. E ainda é um lugar bonito e vibrante onde os moradores se encontram para almoçar ou tomar um café em seus elegantes cafés e passear em suas lojas luxuosas.
Castello Sforzesco

O Castello Sforzesco, propriedade das famílias Visconti (1277 a 1447) e Sforza (1450 a 1535) que governaram Milão, foi construído em 1368 e reconstruído em 1450. A Torre de Filarete de 70 metros é uma reprodução de 1905 do portão original.
O Castello abriga o Musei del Castello Sforzesco, uma série de museus, um dos quais apresenta esculturas. A coleção inclui a Pietà Rondanini, a última obra-prima de Michelangelo, trazida para cá em 1953 do Palazzo Rondanini em Roma.

Outros museus apresentam uma coleção de arte decorativa, antiguidades pré-históricas e egípcias, uma coleção de história musical e um arsenal de armas e armaduras medievais. A galeria de imagens inclui pinturas de Bellini, Correggio, Mantegna, Bergognone, Foppa, Lotto, Tintoretto e Antonello da Messina. Entre os dois pátios traseiros do Castello, uma passagem leva ao parque, originalmente o jardim dos duques de Milão e mais tarde um campo de treinamento militar. Passeio imperdível!
Pinacoteca di Brera

O Renaissance Palazzo di Brera, construído entre 1651 e 1773, era originalmente um colégio jesuíta, mas desde 1776 funciona como Accademia di Belle Arti. Junto com a biblioteca e o observatório, ele contém ainda a riquíssima Pinacoteca di Brera, um dos melhores museus de arte de toda a Itália.
Grande parte da arte foi adquirida quando as igrejas foram fechadas ou demolidas, e o museu é especialmente forte em pinturas de mestres do norte da Itália. Ao entrar pelo pátio, você verá um monumento de 1809 a Napoleão I do escultor Canova.
Entre as pinturas do século XV, destacam-se as obras de Mantegna (Madonna em um anel de cabeças de anjos e lamentação). Os mestres venezianos são representados por Giovanni Bellini (Lamentação e duas Madonas), Paolo Veronese, Ticiano (Conde Antonio Porcia e São Jerônimo) e Tintoretto (Descoberta do Corpo de São Marcos e Descida da Cruz) e retratos de Lorenzo Lotto e Giovanni Battista Moroni.
O quadro mais famoso da galeria é o Casamento da Virgem, de Rafael (Lo Sposalizio), a melhor obra de seu primeiro período. Entre os mestres estrangeiros destacam-se Rembrandt (retratos de mulheres, incluindo The Artist’s Sister), Van Dyck (Princesa Amália de Solms), Rubens (Última Ceia) e El Greco (São Francisco).
Nem tudo são mestres antigos – você também encontrará aqui obras de Picasso, Braque e Modigliani. A maioria dos visitantes perde o segredinho de Brera: o Orto Botanico di Brera, um jardim encantador em um de seus pátios internos, um oásis escondido de árvores exóticas, piscinas e canteiros de flores com uma estufa do século XIX.
Ópera no Teatro alla Scala

Considerada a casa de maior prestígio do mundo, o La Scala tocou a música de todos os grandes compositores e cantores de ópera, e seu público – o teatro acomoda 2.800 pessoas – é conhecido (e temido) como o mais exigente da Itália. A temporada começa no início de dezembro e vai até maio, mas os ingressos costumam ser difíceis de conseguir. Bom mesmo, é reservar com meses de antecedência.
No mesmo edifício está o Museo Teatrale alla Scala, onde você encontrará uma coleção de trajes de performances marcantes e lembranças históricas e pessoais dos grandes nomes que atuaram e cujas obras foram executadas no La Scala, incluindo Verdi, Rossini e o maestro Arturo Toscanini. Se não houver ensaio em andamento, o museu oferece acesso para ver o interior da própria casa de ópera, uma das maiores do mundo.
Sant’Ambrogio

A igreja de Sant’Ambrogio foi fundada em 386 por Santo Ambrósio, que nasceu em Milão e é o padroeiro da cidade. A atual igreja é uma obra-prima da arquitetura românica, construída no século XII em torno do coro de uma igreja do início do século IX.
Há muito para se ver aqui, a começar pelo grande pórtico, também do século IX, e o átrio, cujos portais em pedra talhada o colocam entre os melhores exemplos europeus do período românico.
No interior, certifique-se de ver o púlpito com entalhes românicos e o ricamente entalhado sarcófago de Stilicone do século IV (localizado abaixo dele). A caixa do altar-mor é uma obra-prima da arte carolíngia feita no ano de 835 em Milão. Não se esqueça de ver também a belíssima cúpula em mosaico do Sacello di San Vittore original do século IV, acessível através da última capela à direita.
Cimitero Monumentale

Com toda a magnífica arquitetura e arte da Itália grega e romana, medievais e renascentistas, é fácil esquecer que a Itália também tem alguns exemplos notáveis do período Art Nouveau, conhecido aqui como Stile Liberty.
O Cimitero Monumentale, próximo à estação ferroviária Stazione Porta Garibaldi, é uma galeria ao ar livre de esculturas Art Nouveau, muitas delas de famosos escultores italianos. Atrás de um pórtico de mármore listrado e monumental, esses monumentos marcam os túmulos dos ricos e famosos de Milão do final de 1800 a meados do século XX. Um mapa turístico é uma boa pedida para ajudar a encontrar os monumentos espalhados por essa cidade – de uma efervescência cultural imensurável.
Esta foi apenas a primeira parte de nosso tour por Milão. Não deixe de conhecer a cidade, caso a Itália esteja em seus planos para quando tudo isso passar. Boa viagem!