Conheça a belíssima Marseille, um destino deslumbrante no sul da França

Sandra Brito Writer & Traveller
A coragem e a grandeza coexistem perfeitamente em Marseille, uma cidade portuária exuberantemente multicultural com um pedigree que remonta à Grécia clássica e uma justa reivindicação ao patamar de segunda capital francesa. Antes vista como um destino sujo e até perigoso, sem o glamour das tradicionais Cannes ou St-Tropez, esta ovelha negra do litoral francês floresceu na confiança cultural e no potencial turístico desde sua premiação em 2013 como Capital Europeia da Cultura. A adição de novos museus à cidade é apenas um dos muitos sinais do otimismo e da autoconfiança do país naquele revigorado destino.
O coração de Marseille é o vibrante Vieux Port (antigo porto), repleto, mastro a mastro com iates luxuosos e pequenas embarcações. Um pouco acima está o antigo bairro de Le Panier, a parte mais antiga da cidade. Também vale a pena explorar o bairro République, com suas boutiques e edifícios elegantes e a área de Joliette, centrada na Cathédrale de Marseille Notre Dame de la Major.
Basilique Notre Dame de la Garde

Ocupando o ponto mais alto de Marseille, La Garde (154 m), esta opulenta basílica romano-bizantina do século XIX, é o ícone mais visitado da cidade. Construída sobre as fundações de um forte do século XVI, que era uma ampliação de uma capela do século XIII, a basílica é ornamentada com mármore colorido, magníficos mosaicos de estilo bizantino e murais representando navios navegando sob a proteção de La Bonne Mère (A Boa Mãe). O campanário sustenta uma estátua dourada de 9,7 m de altura da dita Mãe em um pedestal de 12 m de altura, e o topo da colina dá panoramas de 360 graus da cidade. A basílica fica a uma caminhada íngreme de 1 km do Vieux Port, mas você tem como alternativa o ônibus 60 ou o trem turístico, que te deixam no local.

Vieux Port

Os navios atracam há milênios no local de nascimento de Marseille, o vibrante Vieux Port. As principais docas comerciais foram transferidas para a área de Joliette na década de 1840, mas o antigo porto continua a ser um porto próspero para barcos de pesca, iates e barcos turísticos. Guardados pelos fortes St-Jean e St-Nicola, ambos os lados do porto estão repletos de bares, brasseries e cafés, com mais para ser encontrado em torno da Place Thiars e do cours Honoré d’Estienne d’Orves, onde a ação continua até tarde. Para turistas com dificuldade de locomoção (ou simplesmente cansados), há também uma balsa para atravessar o porto.
Fort St-Jean

Planejado tanto para controlar os cidadãos de Marseille quanto para protegê-los de ameaças externas, o Forte St-Jean foi construído por Luís XIV em 1660 no local de uma fortaleza hospitaleira do século XIII. Incorporando elementos dos séculos XIII e XV, é confrontado por seu gêmeo, o Forte St-Nicolas, do outro lado da entrada estreita para o Port Vieux. Os terrenos da fortaleza estão abertos para serem visitados e este tornou-se um excelente passeio para moradores e turistas, que para além da história, também gostam de se expor ao sol sob seus fortes muros.
Fort St-Nicolas

Guardando o lado sul do porto de Marseille (e ameaçando seus cidadãos às vezes rebeldes, que tentaram destruí-lo durante a Revolução) está o Forte de São Nicolau em forma de estrela do século XVII, construído por Luís XIV.

Usado como guarnição e prisão, só pode ser visitado mediante autorização prévia do posto de turismo. Se você curte história e arquitetura, vale muito a pena agendar antes e conhecer essa magnífica construção. Imperdível!
Cathédrale de Marseille Notre Dame de la Major

De guarda entre o antigo e o novo porto está a impressionante Cathédrale de la Major do século XIX. Depois que sua pedra fundamental foi lançada por Napoleão III em 1852, o ‘Novo Major’ levou mais de 40 anos para ser concluído. Possui uma fachada listrada de estilo bizantino, feita de pedra local de Cassis e mármore florentino verde.

Abaixo da igreja estão Les Voûtes de la Major, armazéns abobadados do século XIX reaproveitados como restaurantes e butiques, enquanto a grande escadaria no lado norte é uma porta de entrada impressionante para La Joliette.

La Joliette

O antigo bairro marítimo de La Joliette, esquecido desde o declínio das docas do século XIX, foi revitalizado por bares, lojas e restaurantes. As balsas ainda partem para os portos ao redor do Mediterrâneo, mas a longa varredura das fachadas comerciais ao longo do Quai de la Joliette ganhou uma impressionante renovação. Aqui você encontrará o Marché de la Joliette, um dos mercados mais movimentados de Marseille, onde você encontra uma boa variedade de produtos frescos, além de ser o local ideal para piqueniques. Na segunda-feira, o espaço fica repleto de flores. Um espetáculo à parte, que representa bem a cultura do povo francês. Bem próximo está situado Les Docks – armazéns abandonados do século XIX agora cheios de butiques e galerias.

Perto dali, Les Terraces du Port é um imenso shopping center cheio de lojas de departamento e de lojas internacionais de luxo. Tem um enorme terraço público no piso 2 com vistas fabulosas sobre o porto e a costa. Passeio que não se pode perder!
Le Panier

Este é o bairro mais antigo de Marseille – local do assentamento grego original e assim apelidado por suas ruas e edifícios íngremes. Sua proximidade, sensação de vila, ambiente artístico, praças escondidas e cafés ensolarados tornam-no um deleite para explorar. Reconstruída após a destruição na Segunda Guerra Mundial, sua mistura de ruas esconde lojas de artesãos, ateliês e casas com terraços bastante convidativos. Sua peça central é La Vieille Charité.

La Vieille Charité

No coração do bairro Le Panier está esta grande e linda casa de esmolas, construída por Pierre Puget (1620-1694), um arquiteto e escultor nascido a apenas algumas ruas de distância que se tornou o arquiteto de Luís XIV. Com a sua capela central neoclássica e elegante pátio com arcadas, é uma estrutura de grande harmonia e graça. A entrada é gratuita, embora haja uma taxa para visitar o excelente Musée d’Archéologie Méditerranéenne e o Musée d’Arts Africains, Océaniens et Améridiens, ambos alojados no interior.
Musée d’Archéologie Méditerranéenne

Fundado em meados do século XIX e instalado em La Vieille Charité desde 1989, este pequeno museu arqueológico explora civilizações mediterrâneas e do Oriente, da Mesopotâmia a Roma. Possui uma impressionante coleção egípcia, a segunda maior da França fora do Louvre, que inclui alguns elegantes sarchophagi. Você também pode encontrar vasos e cerâmicas decorados e um rico painel de esmalte mesopotâmico.


Musée d’Arts Africains, Océaniens et Amérindiens

Essas três coleções de arte ‘exótica’ estão instaladas no belo Vieille Charité desde 1992. Vale a pena visitar, o museu explora as culturas das Américas, da África e do Pacífico por meio de máscaras tribais, cerâmica e vários outros artefatos. Inevitavelmente, as cabeças encolhidas e decoradas ritualmente causam uma grande impressão. Passeio mais que recomendado!
Château d’If

Com acesso ao Vieux Port, esta ilha-fortaleza foi imortalizada no clássico de Alexandre Dumas de 1844, O Conde de Monte Cristo. Muitos prisioneiros políticos foram encarcerados aqui, incluindo o herói revolucionário Mirabeau e os Communards de 1871. A própria ilha já vale uma visita e claro, a história por trás dela é surpreendente.

La Cité Radieuse

O arquiteto modernista Le Corbusier redefiniu a vida urbana de Marseille em 1952, com a conclusão desta torre vertical de 337 apartamentos, popularmente conhecida como La Cité Radieuse (‘A Cidade Radiante’). Seu objetivo era aumentar a densidade residencial para permitir a inclusão de mais espaços verdes. Hoje, os apartamentos são unidos pelo Hôtel Le Corbusier, o sofisticado restaurante Le Ventre de l’Architecte e um terraço na cobertura. É permitido fazer um tour pelo prédio com guia que pode ser reservado através do posto de turismo. Fica a cerca de 5 km ao sul do centro da cidade, ao longo da Avenue du Prado.
Uma cidade encantadora, em todos os aspectos. Programe-se e boa viagem!
