Desperdício: roupas doadas estragam no tempo em Petrópolis

Audiência debateu destinação de roupas, que foram doadas após tragédia, e estão mal armazenadas na quadra do BNH, no Alto da Serra, em Petrópolis

Quem passou pela quadra em frente ao BNH, do Alto da Serra, em Petrópolis no último mês, se deparou com uma montanha de roupas, que foram doadas para ajudar as vítimas das chuvas da maior tragédia socioambiental da cidade. Blusas, calças, sapatos, vestidos e muitos outros itens foram mal armazenados. A maior parte do que poderia atender as pessoas em situação de vulnerabilidade está em contato direto com o chão e sujeito a ação do tempo. O mal cheiro, indicando que as peças estão apodrecendo, prejudica principalmente quem ainda vai ao local em busca de algo que lhe sirva. Diante disso, no dia 14 de março, uma audiência especial foi realizada entre a Prefeitura de Petrópolis e o Governo do Estado, para dar destino as roupas.

“O Governo do Estado entrou no processo, e procuradoria do Estado se manifestou para que seja feito um acordo entre município e o estado”, disse o presidente da Câmara dos Vereadores, Hingo Hammes.

O juiz da 4ª Vara Cível de Petrópolis, Jorge Martins, esteve no local nos dias 10, 11 e 12 março. De acordo com ele, as roupas que estão na quadra, não podem ser doadas por estarem molhadas e infestadas de ratos e baratas. O promotor de justiça Pedro Oliveira defendeu o descarte imediato do material. Ele ressaltou ainda, que todos merecem ser tratados com respeito e dignidade. Principalmente as vítimas da tragédia, que perderam familiares, amigos e todos os bens materiais.

O procurador geral do município de Petrópolis, Miguel Barreto, também pediu para que a prefeitura considere o descarte das peças, e que o Estado do RJ fique responsável pela retirada do material do BNH. Já o município se comprometeu a reformar a quadra da praça, que ficou danificada após se tornar um depósito temporário. Na audiência, o juiz também determinou que uma equipe da Guarda Municipal vá até a praça para evitar que novas roupas sejam depositadas no local.

“A quadra é municipal e a Prefeitura precisou dar uma resposta, neste sentido, não podemos deixar aquele monte de roupas sem solução. Estamos brigando para que seja tomada uma solução definitiva. Não estamos aqui para culpar alguém, mas temos que resolver o problema”, esclareceu Hingo Hammes.

Na manhã desta sexta-feira (17) uma nova audiência especial foi realizada, para tentar encontrar uma solução para o problema. Mas até o momento, nada foi definido.

“Terminada a audiência, não houve a possibilidade de acordo entre os entes. E estamos aguardando a decisão do juiz para que se dê o devido encaminhamento dos nossos pedidos e assim resolver a problemática que chegou a nós e que queremos dar solução”, esclareceu Leonardo Meriguetti, Defensor Público Titular do Órgão de Atuação junto à 4ª Vara Cível de Petrópolis.

Gabriel Faxola/Foto: Thiago Alvarez

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