Prefeitura busca cestas básicas doadas pelo Ministério da Cidadania que estavam há um mês em Mesquita, e delega distribuição a terceiros

A Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Petrópolis finalmente distribuiu as cestas básicas que foram doadas pelo Governo Federal. As doações foram feitas no dia 21 de fevereiro, e ficaram mais de um mês estocadas em Mesquita, na Região Metropolitana do Rio, enquanto muitas famílias vítimas da tragédia precisavam das doações.
Uma denúncia feita pelo vereador petropolitano Eduardo do Blog, no final de março, revelou que mais de 8 mil cestas básicas enviadas pelo Ministério da Cidadania, estavam trancadas em um galpão em Mesquita, na Baixada Fluminense. Ele pediu a interferência da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro para que os produtos chegassem à população petropolitana. “A prefeitura recebeu as cestas mas não foi buscar. Agora, recebemos com muita tristeza uma informação da Alerj de que essas cestas básicas foram parar dentro de um sindicato. Eu vou tomar todas as medidas cabíveis junto à Justiça e ao Ministério Público. Muita gente que realmente precisava, ainda não recebeu essas cestas básica”, explicou o vereador.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social, as cestas foram encaminhadas para associações de moradores, igrejas e outras instituições que atendem comunidades e pessoas que necessitam dessas doações. A Associação da Rua Teresa (ARTE) e o Sindicato dos Empregados no Comércio, duas instituições privadas, também receberam cestas básicas para doarem aos comerciários atingidos pelas chuvas.
Deputados da Comissão Especial de Acompanhamento das Ações por Petrópolis da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), estiveram no Sindicato dos empregados no comércio na última segunda-feira. A TVC, TV do Correio da Manhã procurou o sindicato para esclarecer de que forma as cestas chegaram até eles e como estão sendo distribuídas. “A prefeitura estava querendo entregar cestas básicas aos trabalhadores do centro da cidade que tiveram problemas com as enchentes. Eles entraram em contato com a gente, tivemos duas reuniões com secretários para tratar de logísticas e distribuição. No dia 11 de abril, recebemos as cestas e já começamos a fazer as distribuições”, explicou o primeiro secretário do sindicato, José Anibal.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o Deputado Estadual, Rodrigo Amorim, acredita que ao tomar esta decisão, a Prefeitura de Petrópolis terceirizou a responsabilidade da distribuição das cestas, ao Sindicato dos Empregados no Comércio, e outras instituições. Segundo a deputada estadual, Adriana Balthazar, que também faz parte da comissão da Alerj, a distribuição destas cestas é de responsabilidade da prefeitura. “Essas cestas deveriam ser de responsabilidade da prefeitura. Ela que tem que chamar órgãos públicos, com parceria estadual, mas que sejam órgãos públicos com a responsabilidade de responder por essa distribuição sendo da Prefeitura de Petrópolis. É muito revoltante”, explicou a deputada.

O presidente do sindicato, Ernani Magalhães, afirma que, aos pouco, as mais de 1.200 cestas básicas, entregues na sede, estão sendo distribuídas para os comerciários que foram atingidos pelas chuvas. Cada trabalhador, associado ou não ao sindicato, tem direito a uma cesta básica, mediante apresentação do contracheque comprovando o local onde trabalha. “A categoria foi muito atingida com essa catástrofe, sem contar com a pandemia. O comércio de Petrópolis foi o que mais sofreu com isso. 80% dos trabalhadores ganha comissão, mas ninguém tem conseguido vender. Nós estamos ajudando os que mais necessitam”, explicou Ernani.
O sindicato afirma que todas as informações do comerciário que retirou a cesta, são anotadas e repassadas para a prefeitura. “Nós colocamos o nome do funcionário, CPF, loja onde trabalha e pedimos para que ele assine. Está tudo anotado e sendo repassado para a prefeitura”, explicou o presidente do sindicato.
Em nota ao Correio da Manhã, a Prefeitura de Petrópolis justificou a distribuição das cestas à sociedade civil organizada como uma forma de acelerar o trajeto até as pessoas que mais precisam. O município informou ainda que usou o material do Ministério da Cidadania, que estava em Mesquita, como uma espécie de reserva por questão de logística e armazenamento correto dos alimentos. E à medida em que as cestas, que estavam no galpão da antiga Tec Auto, no distrito de Itaipava, foram acabando, a prefeitura buscou as que estavam em mesquita.
A prefeitura informou ainda que hoje, já não há mais nenhuma cesta básica em Mesquita e também já não há mais nenhuma no centro de distribuição da prefeitura na Tec Auto. A TVC, TV Correio da Manhã, questionou sobre a destinação dos alimentos que ainda estão na Tec Auto, que não foram separados em kits de cestas básicas, mas até o fechamento da matéria, não obtivemos resposta.

Por Raphaela Cordeiro

Foto: Thiago Alvarez

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