Ponto final da Rua Capitão Paladine está com trechos cedendo e poste prestes a cair

Já se passaram mais de quatro meses desde a primeira forte chuva que atingiu Petrópolis, mas até hoje ainda existem localidades que não receberam nenhum tipo de assistência. No ponto final da Rua Capitão Danilo Paladine, no São Sebastião, um poste está prestar a cair, ao menos uma rua desabou com a força da água, ainda têm carros presos dentro das casas devido a falta de de acesso e quase não há iluminação durante a noite.
Quem mora na região já soma incontáveis números de protocolos com as concessionárias Enel e Águas do Imperador, além de mensagens particulares pedindo ajuda diretamente ao prefeito Rubens Bomtempo e ao vice-prefeito, Paulo Mustrangi. Os moradores também procuraram ajuda da Defesa Civil e da Secretaria de Obras. Todas as tentativas sem sucesso. Algumas mensagens chegaram a ser respondidas com promessas de uma resolução para os problemas, o que não aconteceu.
“Despencou a nossa rua todinha, não tem como sair com os carros da garagem. Nós ainda perdemos o padrão de relógios de luz. Ele precisou ser reinstalado em outro lugar, e por isso ficamos uma semana sem luz”, explicou Geni Tognochi, moradora da rua.
De acordo com Geni, depois da chuva os moradores ficaram sete dias sem água e luz até que os serviços fossem reestabelecidos. Na região, existe uma estação com um Biodigestor da Águas do Imperador, que trata o esgoto antes de ser liberado no rio que passa pela localidade. Mas um deslizamento afetou alguns canos da estação e o mal cheiro tomou conta do local.
“Não consigo nem te descrever esse cheiro de esgoto. A gente merece ter uma moradia digna, um lugar para passar e não temos nem caminho. A noite só tem uma lâmpada funcionando e a rua está cheia de buracos”, disse Geni.
Mais de quatro meses se passaram e este é o cenário que muitos petropolitanos não conhecem. Com a chegada do inverno e a alta temporada de eventos na cidade, o Centro e arredores receberam intervenções e já estão prontos para receberem os turistas. Mas quem não chega aos bairros, não conhece a realidade.
Carlos Eduardo viveu na localidade até 2013. Ele se mudou depois da chuva daquele ano e sempre temeu que a região voltasse a ser afetada. Quase dez anos depois, ele conta que se sentiu na obrigação de ajudar quem precisasse. “Eu passei por isso, eu sei o que é ficar ilhado, sei o que é dormir no chão, sei o que é depender de ajuda e sei o que é querer falar e não ter voz”, disse o gestor de saúde, Carlos Eduardo Cordeiro.
Na localidade há uma quadra de esportes inaugurada em 2006, que também foi atingida por uma barreira, que até hoje não foi retirada. O acesso ao local também foi comprometido. Os moradores temem que no verão as chuvas voltem a afetar a localidade.
“As comunidades não são visadas igual ao Centro de Petrópolis. Hoje, se você olhar o Centro, parece que não aconteceu nada. E aqui? Como ficam os jovens da comunidade? Não estão tendo o direito mínimo que é a segurança, que dirá lazer”, disse Carlos Eduardo.
A empresa Águas do Imperador informou que o desmoronamento ocorrido no terreno onde fica o Biodigestor Capitão Paladine requer obras estruturais que estão sendo providenciadas, mas que não há nenhum vazamento do esgoto e que a unidade continua operando normalmente.
O TV Correio da Manhã também procurou a Prefeitura de Petrópolis para esclarecimentos, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
Por Raphaela Cordeiro