Medicamentos básicos ainda estão em falta nas farmácias do estado do Rio de Janeiro

A estação mais fria do ano é a época em que aparecem com mais frequência, casos de doenças respiratórias, como gripe e sinusite, por exemplo. Desde a chegada do inverno, a procura por medicamentos nas farmácias aumentou significantemente e, muitas vezes, as pessoas saem do estabelecimento sem o remédio necessário. O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) emitiu uma nota sobre o desabastecimento de medicamentos de uso essencial em unidades de saúde do estado, como dipirona, antibióticos, contrastes para exames radiológicos e até mesmo a solução de soro fisiológico.

“Nesse momento é bom que se tenha muito cuidado por conta das prescrições. Quando não achamos os medicamentos indicados pelo médico é preciso ficar atento em como ele será substituído. Essa alteração por conta própria é o que chamamos de auto medicação, e isso é muito perigoso”, explicou Marcelo Pereira, secretário-geral do CRF-RJ.

A falta de medicamentos é preocupante para as farmácias, mas principalmente para os hospitais. Dentre os principais medicamentos em falta em Petrópolis estão os voltados para os pacientes infantis, como xaropes, antibióticos e antialérgicos. Farmacêuticos que atuam em hospitais, farmácias e outros serviços de saúde do estado apontam desabastecimento de medicamentos e insumos, de modo geral, esgotados ou prestes a esgotar em diversas cidades do Estado do Rio de Janeiro.

“Alguns medicamentos, hoje em dia, estão em falta nas prateleiras das farmácias e também nos hospitais e isso acontece, na verdade desde o final do ano passado. Em meio a pandemia, ocorreram vários casos de gripe e a procura por esses medicamentos foi enorme, e eles simplesmente sumiram das prateleiras desde aquela época. Até hoje eles estão em falta”, disse a farmacêutica, Ana Carla Campos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis, estão em falta na cidade: dipirona ampola; amoxicilina (antibiótico) e loratadina (antialérgico), nos hospitais municipais. Segundo a secretaria, os médicos das unidades de saúde da cidade estão realizando substituições, garantindo o atendimento à população. No caso da rede privada de Petrópolis, o hospital Unimed, por exemplo, não está com baixa no estoque de nenhum medicamento.

De acordo com a assessoria do hospital, a compra é realizada de forma antecipada para atender a unidade de 4 a 6 meses e por isso, não há falta de medicamentos. Mas, para os estabelecimentos com desabastecimento, o que também preocupa os farmacêuticos, neste momento, é a auto medicação.

“A auto medicação, infelizmente, é um problema frequente no Brasil e tem a sua gravidade porque ela pode acarretar outros problemas. A gente vê com muita frequência, por exemplo, pessoas com gripe querendo tomar antibiótico. Sendo que o antibiótico serve para doenças bacterianas e a gripe é uma virose”, explicou a farmacêutica.

O Conselho de Enfermagem destaca ainda, que a falta de medicamentos também está sendo causada por fatores externos, como a descontinuidade da produção de alguns fármacos pela indústria que está priorizando medicamentos com maior demanda gerada pela pandemia de Covid-19.

A guerra na Ucrânia e o lockdown na China também impactam tanto a fabricação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), quanto a chegada ao país dos estoques já adquiridos.

“A gente sabe que o desabastecimento se dá por conta de vários fatores mundiais/globais. Mas é importante que se saiba que a orientação farmacêutica é fundamental. Existem farmácias de manipulação que podem auxiliar nesta questão de escassez, por exemplo. O importante é saber que a falta de medicamento não nos dá direito de substituir em forma de auto medicação de forma equivocada”, explicou o secretário geral do Conselho de Farmácia do Estado.

Por Raphaela Cordeiro

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