MPRJ realiza vistoria técnica no Chácara Flora, em Petrópolis

Nesta quarta-feira (3), mais uma localidade de Petrópolis foi vistoriada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). No Chácara Flora, quase seis meses após a tragédia registrada em 15 de fevereiro, pouco foi feito pelos órgãos públicos. No local, muitos perderam casas, veículos, bens materiais e, infelizmente, familiares. O local foi um dos mais atingidos pela chuva. O MPRJ está realizando vistoria em oito regiões de Petrópolis. Cinco delas já foram visitadas.
“Nós queremos ouvir as comunidades e saber dos moradores o que, efetivamente está acontecendo. O Chácara Flora é mais uma comunidade que o desastre ainda se faz presente. São várias encostas deslizadas. A gente percebe a necessidade da Assistência Social se fazer presente para a população”, explicou Denise Tarin, Procuradora do MPRJ.
O papel do Ministério Público é ser como um advogado das comunidades. Ele representa as comunidades no poder judiciário, nas audiências, por meio de ações para que haja soluções efetivas. O órgão já trabalha em ações para evitar os desastres desde 2011 na cidade. Essas vistorias servem também para pedir soluções antes da volta da temporada de chuvas de verão. “O Ministério Público, desde 2011, já tem várias ações que poderiam, inclusive, ter mitigado vários dos impactos dos desastres. Então, junto com a comunidade estamos observando as prioridades e nos preparando para as próximas chuvas”, explicou a Procuradora do MPRJ.
Dos 234 óbitos do dia 15 de fevereiro, 23 foram no Chácara Flora. Entre eles estavam Giulia, de 18 anos, e Amthony Luiz, de 2 anos, filhos de Jussara. Os dois estavam juntos, na sala de estar, quando a casa foi levada bela barreira. “Perdi meus dos filhos, sobrinhos e vários amigos. Voltar aqui é muito doloroso. Vivi aqui a minha vida inteira, meus filhos brincavam na rua e fazíamos muita festa”, lamentou a assistente de cozinha, Jussara Luiz.
Nove dias depois da chuva, os corpos de Giulia e Amthony foram encontrados. Hoje, o que dá forças para Jussara seguir em frente, são os outros dois filhos, Raphaella e Miguel, de 10 e 13 anos. “Hoje eu volto aqui e eu não vejo a minha menina correndo e nem o meu menino. Para mim é muito doloroso. A gente só queria uma solução para essa localidade. Tem casas penduradas… Se chover, elas podem cair em cima de outras casas. A gente não quer mais vítimas”, disse Jussara.
Ainda nesta semana, o Ministério Público do Rio de Janeiro vai visitar a região da Castelânea, na sexta-feira (05). Na próxima semana, na quarta-feira (10), a vistoria técnica vai acontecer na região do Floresta.
Por Raphaela Cordeiro