Polícia Civil e Ministério Público realizam investigação contra Ex-Presidente da CPTrans por corrupção

Richard Stoltzenburg

Além de Jamil Sabrá, o irmão Bernardo Sabrá e o diretor financeiro Ralph Silva Costa também são investigados

Na manhã desta sexta-feira (12), a polícia civil, em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPJR) e a Coordenadoria de Segurança e Inteligência, deram início a operação Clean. Os alvos da ação foram o Ex-Presidente da CPTrans, Jamill Sabrá, o irmão, Bernardo Sabrá e o diretor financeiro, Ralph Costa Silva. Eles são investigados por corrupção passiva. O crime teria sido cometido logo após a tragédia que assolou Petrópolis este ano, durante a gestão de Jamil, na Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes.

Os 13 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Petrópolis. Entre os locais que os policias realizaram as buscas, na sede da CPTrans, na Rua Alberto Torres, no centro Petrópolis, a casa de Jamil Sabrá, localizada em um condomínio de luxo no distrito de Itaipava e também na residência de outros funcionários do alto escalão da empresa Via Rio, responsável pela mão -de -obra terceirizada de controladores de trânsito. Os agentes também visitaram imóveis nas localidades da Mosela, Nogueira, Secretário, Araras e Retiro. Durante a operação, foram apreendidos computadores, aparelhos telefônicos e cerca de R$90 mil em espécie, na casa do Ex-Presidente da CPTrans.

De acordo com a investigação, dois dias após a tragédia do dia 15 de fevereiro, Jamil Sabrá dispensou a empresa que prestava o serviço terceirizado de trânsito em Petrópolis e realizou uma nova contratação com o dobro do valor. O prejuízo estimado é de R$500 mil ao erário. O próximo passo da investigação e analisar o material apreendido. De acordo com o Delegado da 105ª DP, João Valentim, o serviço antes cobrado R$10/hora foi substituído por um serviço de R$21,67/hora. “O Presidente da CPtrans se aproveita do estado de calamidade decretado com a finalidade de superfaturar o contrato administrativo. Foi constatado também que, no início de sua gestão, assim que assumiu a CPTrans, ele impos ao antigo contratante, a substituição de 40 funcionários que prestavam serviço, ou seja, ele utilizado do contrato administrativo para fazer indicações políticas de quem deve trabalhar. O que configura, sem dúvida, ato de corrupção,” relatou.

O Ministério Público investiga ainda a existência de associação criminosa, dispensa irregular de licitação e esquema de corrupção. Jamil Sabrá assumiu a presidência da CPTrans em janeiro deste ano, no governo de Rubens Bomtempo. Durantes as buscas, o promotor de justiça do MP, Celso Quintella, informou que o endereço da Sede da empresa Via Rio, não condiz com o informado. “A Via Rio também foi objeto da investigação, tanto na sede da empresa, quanto do dono. No entanto, tudo indica, como a busca na sede foi negativa, por conta do endereço não ser aquele, nós temos desconfiança séria de que o endereço é fantasma”, concluiu.

Ainda de acordo com o delegado, foi constatado transferências bancárias dos empresários da Via Rio, para pessoas que trabalham na casa de Jamil Sabrá. “Há desconfiança de funcionários fantasmas e também de que a substituição dos 40 funcionários, antes da tragédia ainda no fim do ano passado, que parte deles sejam funcionários fantasmas ou ainda, a indicação oriunda do presidente para trabalhar para a contratada, consequentemente ele manipularia a mão-de-obra contratada”, concluiu João Valentim.

A defesa de Jamil Sabrá se pronunciou após as investigações realizadas nesta sexta-feira (12). “No momento estamos esperando o inquérito, visto que é um inquérito sigiloso. E que até o momento não vimos provas suficientes para embasar uma ação penal. Agora é um procedimento inicial”, comentou Daniele Neves, advogada de Jamil Sabrá. Questionada em relação ao valor de R$90 mil encontrado na casa do Ex-Presidente, a defesa informou que é preciso de provas para comprovar ilicitude.

O esquema foi apontado às autoridades após fiscalizações de vereadores do município. Segundo a polícia civil, o Diretor-Ex-Presidente, da companhia, teria aproveitado do estado de calamidade pública para contratar, mediante dispensa irregular de licitação, uma empresa para prestar serviço. Ainda nesta sexta-feira (12), a prefeitura de Petrópolis por meio de nota, informou o desligamento de Jamil Sabrá da presidência da CPTrans e informou que abriu um processo para apurar o caso. O novo presidente da CPTrans é Fernando Badia, que já atuou no cargo entre 2015 e 2016.

Foto: Richard Stoltzenburg

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