Moradores do Vila Felipe, 24 de maio e Rua Teresa pedem ajuda do poder público para a reconstrução das áreas afetadas pela chuva

Foram 250 milímetros de água em poucas horas, o temporal que atingiu Petrópolis no dia 15 de fevereiro, foi equivalente ao que havia sido previsto para o mês inteiro. Apesar de ser um problema antigo, e que poderia ter sido evitado, mais uma vez a força da água varreu inúmeras regiões da cidade. Morros deslizaram, 234 pessoas morreram e três ainda estão desaparecidas.

Na localidade da Rua Nova, no Alto da Serra, imagens surpreendentes foram registradas por moradores que acompanharam impotentes a destruição. Carros, árvores inteiras e até o asfalto foram arrastados pela força da água. Na região onde viviam cerca de 300 famílias sobraram apenas destroços. Claudinei viveu no local por 51 anos, mas precisou sair depois que o imóvel foi interditado pela Defesa Civil.

“A minha casa está intacta, mas fica do lado de uma casa que desabou. Além da água que continua passando pela rua e escorre para dentro das casas, tem casa que ainda está cheia de lama, pois as pessoas não podem vir aqui! A iluminação ainda não foi reestabelecida, e eles alegam que se ligarem as luzes as pessoas vão voltar. Ninguém quer voltar e ficar em perigo, queremos iluminação porque tem casas sendo invadidas, as pessoas estão levando coisas que outras deixam trancadas dentro de casa”, desabafou Claudinei.

De acordo com os moradores, a Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis (COMDEP) esteve na região apenas para desobstruir a via principal. Paulo Sergio viveu na Rua Nova, por 62 anos, e lamenta o tamanho da destruição. Segundo ele, logo que o nível da água baixou o sentimento era de incredulidade e luto. Mas hoje é de abandono.

“Eu nunca pensaria em sair daqui, mas com a situação do jeito que está não tem como. Nos sentimos abandonados. Não sabemos quando as obras na Rua Nova ficarão prontas. Subimos para acompanhar as equipes de trabalho, mas a situação está periclitante”, falou Paulo Sérgio.

Já na Rua 24 de Maio a situação é um pouco melhor e algumas obras já foram iniciadas. Mas para quem vive na região afirma que ainda há muito o que ser feito.

“Hoje o maior problema da 24 de Maio é a reforma das casas que não tem sido feita, e são de responsabilidade da prefeitura de Petrópolis. Já o Estado atua incansavelmente nas intervenções que precisam ser promovidas nas encostas, assim como as contenções, mas as reformas das casas continuam sem sair do papel”, esclareceu o padeiro Fábio de Souza.

A Rua Teresa, que foi conhecida por muitos anos como “o maior shopping a céu aberto da América Latina”, também apresenta sinais de recuperação. O shopping 608, por exemplo, que ficou parcialmente destruído, já está na fase final das obras estruturais. Mas infelizmente a realidade na maior parte dos locais afetados não é esta, como no Vila Felipe, onde 32 pessoas morreram.

O comerciante Edinei Raesk, não tem mais perspectivas sobre melhorias no local. “Tem muitas pessoas aqui que não perderam as casas, mas estão com medo de voltar. A gente não sabe o que vai acontecer se não tiver obra, precisamos de soluções. Já se passaram seis meses, e daqui a pouco estamos em dezembro, quando volta a chover. Eu acho impossível que estas obras sejam iniciadas e finalizadas ainda este ano”, disse Edinei.

Por Gabriel Faxola/ Imagens: Wendel Fernandes

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