Mesmo após oito meses de tragédia, Petrópolis ainda vive um cenário de destruição

Neste sábado (15) faz oito meses que a maior tragédia socioambiental da história de Petrópolis foi registrada. O dia 15 de fevereiro estará para sempre marcado no calendário dos petropolitanos de uma maneira dolorosa, principalmente no de quem sobreviveu às chuvas. As lembranças ainda atormentam os moradores das localidades atingidas que ainda permanecem nas áreas de risco. Sempre que saem nos portões, eles se deparam com o cenário de destruição.

É o caso da Andresa Naide, que durante às chuvas ficou ilhada na região que mora, mas mesmo assim se arriscou na lama para salvar a vida dos amigos e vizinhos. Ela conta que por medo de outra tragédia acontecer, fez curso de Bombeiro Civil para saber como proceder em caso de chuvas ainda maiores que a anterior. “No dia a gente ajudou, mas não sabíamos as técnicas. O chão estava inundado e os moradores se mobilizaram da forma que deu para salvar vidas. Foi difícil ver nossos amigos indo embora porque perderam as casas e outros porque perderam a vida. Nesta sexta-feira (14), me formo Bombeira Civil para tentar ajudar mais em outras ocasiões”, conta.

Conviver com as memórias das casas sendo destruídas tem sido difícil para cada um que presenciou a cena. Segundo os moradores é ainda mais revoltante ver que após, tanto tempo, o poder público ainda não fez nenhuma intervenção para evitar novas perdas. “Ninguém imaginava que isso aconteceria. É muito triste olhar ao redor e ver que meus vizinhos morreram, e onde tinha alegria só restou o silêncio. Só queremos que o Prefeito faça alguma coisa pela população, porque na hora de pedir voto é fácil, difícil é fazer algo a favor da gente”, disse, a doméstica, Cátia de Souza, emocionada.

A região do Vila Felipe faz divisa com a Chácara Flora, e também foi um dos bairros mais atingidos. Fernanda Ferreira vivia lá com a família, mas perdeu a casa. Ela conseguiu um teto para ficar na localidade, mas o local também está interditado. O aluguel social dela foi liberado há cerca de um mês, e só agora na última quinta-feira (13), finalmente conseguiu se mudar. “A gente está saindo porque não temos condições de ficar em um lugar que oferece risco às nossas vidas toda vez que chove. Meu filho é apenas uma criança e ficou traumatizado, é só chover que ele chora dizendo que as casas vão desmoronar novamente. Eu vou em busca de um lugar seguro para minha família”, conta a dona de casa.

O Ministério Público do Rio De Janeiro (MPRJ), moveu uma ação civil pública para cobrar da prefeitura de Petrópolis e do Governo do Estado, ações urgentes nas regiões do Chácara Flora, Caxambú e Castelânea. Nos documentos, o MPRJ afirma que pouco se avançou nesses meses, e que poucas obras com responsabilidade definida foram iniciadas. Outras permanecem apenas na promessa.

Por Larissa Martins

Compartilhe!

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.