Rodoviários denunciam que empresa de ônibus não deposita FGTS desde 2014

As empresas de ônibus, que prestam serviço em Petrópolis, frequentemente estão envolvidas em reclamações, por parte dos passageiros devido a qualidade do serviço prestado. Mas, desta vez, são os próprios rodoviários que denunciam irregularidades. Cinquenta ex funcionários da Petro Ita afirmam que, após serem desligados não receberam todos os pagamentos que lhes era devido. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo, não é depositado desde 2014.

Os rodoviários guardam todos os extratos bancários que comprovam que os valores não estão na conta bancária. A única alternativa encontrada por eles foi acionar a justiça, que determinou o pagamento do FGTS, férias, multa de 40%, aviso prévio e indenização por danos materiais. Mas até hoje o dinheiro não foi depositado.

Flávio Souza trabalhava como mecânico montador e saiu da empresa em julho de 2021 em busca de uma oportunidade melhor. “Eu acionei a justiça na tentativa de que todos os meus direitos fossem pagos pela empresa. A audiência foi marcada para outubro de 2022 e a empresa e eu fizemos um acordo onde seria pago todos os benefícios em 9 parcelas de R$ 3 mil a R$ 4 mil e uma de R$10 mil. Isso sem contar os valores que precisei abrir mão. As parcelas eram para terem sido pagas em novembro de 2022 e até hoje nada. Eu quero que a Petro Ita cumpra com o que ficou firmado diante da justiça. Se eu dependesse desse dinheiro para sustentar minha família, estaria passando fome”, relata Flávio, indignado com a situação.

Nelson Rozembarq foi motorista por mais de 20 anos na Petro Ita e também precisou sacrificar alguns benefícios para que o acordo fosse firmado entre a empresa e ele. “Fizeram um acordo comigo de pagar em 14 parcelas de R$ 2.500. Pagaram a metade do valor e os outros valores não depositaram mais. Fui o banco pegar o pagamento e não pagam mais há meses. O banco de informou que preciso procurar a empresa. Procuro a empresa e sou informado que só pagam na justiça, mas mesmo sendo processada ela não cumpre o combinado”, reclama. “Só queremos o que é nosso por direito”, conclui.

Apesar dos advogados dos rodoviários afirmarem que os valores não têm sido depositados, e os próprios profissionais confirmarem que estão sem receber, a empresa de ônibus, Petro Ita, afirmou, em nota, que tem sim realizado todos os pagamentos. Quando há algum atraso, a empresa sempre arca com a multa, os juros e as correções, segundo ela. Solicitamos os comprovantes de pagamento à empresa, mas a mesma não colaborou. Enquanto essa situação não é resolvida quem sofre são os rodoviários.

Segundo os documentos que constam no processo, a empresa Petro Ita tinha até o dia 13 de maio de 2022, para regularizar o depósito dos benefícios, o que não foi feito. Sendo assim, a empresa deverá pagar multa de 50% em cima do valor total que deve aos rodoviários. “A empresa já tem fama de não pagar os salários. Minhas contas sempre foram pagas atrasadas porque a empresa atrasava o pagamento, na época que eu era funcionário. Eu não podia nem mesmo abrir uma prestação para comprar produtos, porque saberiam que eu trabalhava na empresa, e então não permitiam”, disse Flávio.

O Correio Petropolitano entrou em contato com os advogados, dos ex funcionários que informaram que os processos continuam tramitando, e que estão procurando outras formas para que os direitos dos rodoviários sejam cumpridos.

Por Larissa Martins

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