Petrópolis ganha novo centro cultural

Na última quarta-feira (22), o Correio Petropolitano Debate entrevistou o artista plástico Maurício de Memória, afim de abordar a Piccola Arena, espaço artístico localizado no Rocio, em Petrópolis. O local, que contém mais de 600 obras do artista, será um presente para a cidade, ao se tornar uma fundação. O complexo, conta com duas galerias de arte, um grande contato com a natureza, além de um teatro com 120 lugares.
Artista há 50 anos, Maurício de Memória passou pela Escola Nacional Belas Artes e também pelo exterior, principalmente na Itália. Aos 80 anos, o artista ainda produz quadros em um ateliê, localizado na Piccola Arena. No próximo sábado a exposição “Simplesmente Pintura”, pretende levar um pouco do olhar de Maurício aos visitantes. A curadoria é de Jeanne Duarte. “Optei por deixar esse presente para Petrópolis, pois Essa exposição contará com 30 obras e engloba as experiências pessoais e elementos simples, como mulheres, bicicletas, barcos, entre outros. Será um evento maravilhoso e gratuito.”, comenta o artista. A exposição está prevista para começar às 16h.
O espaço foi elaborado pelo artista, devido a pouca disponibilidade para expor as obras. “Em Petrópolis, apenas no Centro Cultural é possível expor as artes, então foi criado esse espaço, que tem o objetivo de levar arte, cultura e educação. Piccola Arena é uma homenagem de quando morei na Itália e ao Piccola Teatro de Milão”. Explica. O centro cultural foi deixado para a cidade como um “compromisso” do artista e da família. “O objetivo é que as pessoas tenham acesso à arte. Será um espaço que vou deixar para Petrópolis. Sempre foi ligado a questão do outro e como artista plástico, pensava no que eu poderia fazer para a valorização da cultura? Então foi por isso, dar assistência e mostrar que Petrópolis tem cultura, mas precisa ser ampliada, porque a cidade ainda é muito preguiçosa. Existe até o ditado “Quem quer vai”, então, nossa proposta é que as pessoas busquem o centro cultural. No Rocio, exitem muitos caseiros e que nunca viram uma exposição, não sabiam como é uma pintura e lá temos a possiblidade de levar esse conhecimento para jovens, adolescentes e os adultos”, afirma.
O projeto também envolve cerca de 60 estudantes da escola fundamental Frederico Lacerda, localizada no Rocio. “Por meio da educação, é possível transforar vidas e quando você leva essa sensibilização para as crianças, você coloca um lápis na mão dela, você a torna mais criativa e aos poucos, com o passar dos anos, ninguém mais pega em um lápis, em um pincel. Esse trabalho é importantíssimo até mesmo para a evolução das crianças”, afirma. O local também recebeu novos investimentos e vai possibilitar cursos de arte, oficinas e recuperação de acervos. “A ampliação contou com o apoio de familiares, amigos, que sempre estiveram envolvidos com o projeto”, complementa.
Memória de Maurício: O artista publicou em 2021 um livro com as principais obras. “São 90 fotografias mais significativas, que contou com apoio da nossa curadora Jeanne Duarte e mostra bem daquilo que estou pintando atualmente. São em média 50 a 100 telas produzidas por ano”, afirma. O livro, foi divido entre categorias, que abordam diferentes pontos, como: Carnaval, Falando e Andando, Retratos, Refugiados entre outros. O artista ainda brinca quando questionado sobre a conclusão de uma pintura. “A tela fala para você. Mesmo que haja a vontade de adicionar algo, modificar alguma coisa, a tela fala com o artista e esse processo de saber parar, exige também grande maturidade”, fala.
Pouco investimento
Apesar de serem fundamentais para reflexão, a arte e cultura, pouco são valorizadas de acordo com Maurício. “Infelizmente, mas é algo do Estado, principalmente dos políticos. Ele por exemplo, vai preferir uma obra, que levar uma exposição. A arte, leva ao conhecimento, mas falta muito em nosso país. Vimos na última gestão diversos espaços sendo fechado, isso é inadmissível”, esclarece. O artista ainda ressalta que a falta de investimento leva a falta de interesse na arte. “Veja, no meu tempo de escola, tinha tudo, história da arte, em suma a escola cumpria o seu objetivo. Realmente é preciso difundir a cultura”, finaliza.
Por Richard Stoltzenburg