Bomtempo acumula escândalos no quarto mandato em Petrópolis

Mais um escândalo envolvendo a gestão do prefeito Rubens Bomtempo (PSB) em Petrópolis. Nesta quarta-feira (29), a Polícia Civil e agentes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apreenderam documentos e equipamentos eletrônicos em pelo menos quatro endereços ligados à investigação que apura um esquema fraudulento no sistema de licitação da prefeitura de Petrópolis em relação ao transporte público. Além da sede da Prefeitura, a casa do prefeito Rubens Bomtempo e a sede da empresa Cidade das Hortênsias foram alvos da operação.
Bomtempo iniciou o mandato em 18 de dezembro de 2021, após um ano nebuloso, recorrendo à Justiça pedindo a anulação da decisão que o impediu de tomar posse no início daquele ano. Somente em dezembro, o Tribunal Superior Eleitoral reconheceu o pedido de anulação da defesa e permitiu que Bomtempo assumisse o cargo para o qual foi eleito em 2020. Bomtempo ainda tem pelo menos três processos por improbidade administrativa em curso, além do processo que o impediu de assumir após a eleição, processo este que tramita na Justiça e ainda não teve a sentença decretada.
Neste novo escândalo, estão envolvidos Liliane Salvini e Carlos Salvini, sócios proprietários da empresa Transporte São Luiz, de nome fantasia Cidade das Hortênsias. Ambos são empresários em Petrópolis e atuam no ramo de transporte e serviços, no fornecimento de veículos e maquinário. Liliane, inclusive, fornece serviços de transporte escolar para a Prefeitura de Petrópolis por meio de uma segunda empresa da qual é sócia.
Irmãos Sabrá
A operação “P II” que faz parte da investigação do MPRJ no sistema licitatório no transporte público em Petrópolis, e tem em comum o ex-presidente da CPTrans, Jamil Sabrá, e seu irmão, Bernardo Sabrá, ambos investigados por suspeita de corrupção em contratos emergenciais na Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes após as tragédias, no ano passado.
A Operação Clean, realizada em agosto, pela Polícia Civil e MPRJ, investiga também o irmão de Jamil, Bernardo Sabrá, que ocupava o cargo de assessor executivo da Assessoria Executiva da Previdência do Instituto Rio Metrópole, ligado à Secretaria de Estado da Casa Civil, exonerado no dia seguinte à operação, Ralf Costa Silva, diretor-financeiro da Companhia, e outras seis pessoas.
A investigação apura a participação de Jamil na contratação de mão de obra superfaturada com dispensa de licitação entre março e maio do ano passado, aproveitando-se do estado de calamidade pública, decretado em razão das tragédias de fevereiro e março de 2022. De acordo com o levantamento, Jamil contratou por meio de terceirizada 25 funcionários pelo valor de R$ 669 mil por três meses, mais que o dobro do que a empresa anterior, contratada por meio de licitação.
Além disso, Jamil é investigado por desviar verbas públicas para pagamento de funcionários pessoais. O caso ficou conhecido como “Pix da CPTrans” já que os valores eram transferidos a funcionários da casa de Jamil por meio de Pix. Na Operação Clean foram apreendidos documentos, equipamentos eletrônicos, celulares e quase R$ 90 mil em espécie na casa de Jamil.
Vazamento de áudio
Meses depois, em dezembro, um áudio vazado, atribuído ao ex-presidente da Companhia, Jamil Sabrá, expos também a primeira-dama de Petrópolis e chefe de gabinete Luciane Bomtempo. Nele, Jamil cita uma pessoa apelidada de “Lulu Bomtempo” e pede a um terceiro que faça “25 Heinekens” referentes a parte do “velho”.
“Eu tenho uma reunião agora às 9h no gabinete com a Lulu Bomtempo. É só tu separar ai pra mim. Faz 25 Heinekens… a parte lá do velho, e a parte do Jorge, também do churrasco que tá contigo, tá? Eu te encontro em algum momento ai, e termina a reunião umas nove e pouca e depois tem uma reunião na 16”, diz a mensagem.
Após a mensagem se tornar pública, a defesa de Jamil, o advogado Marco Túlio Guimarães Eboli confirmou que o áudio vazou do celular de investigado. Já Luciane afirmou que havia indícios de que o áudio foi editado e que solicitaria uma perícia.