Invasão em área de conservação leva Exército à cercar margem da Serra Velha da Estrela
A Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), vinculada ao Comando do Exército, está fazendo o cercamento de uma extensa área de mata às margens da Serra Velha da Estrela, RJ-107. De acordo com a Imbel, nos últimos anos, grupos de fanáticos religiosos estão invadindo a área de conservação, e degradando o espaço de responsabilidade da Fábrica da Estrela (FE), já no município de Magé, na raiz da Serra. A área faz parte do Refúgio da Vida Silvestre Estadual da Serra da Estrela, administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
O local, conhecido como “Monte Raiz da Serra”, atrai fiéis especialmente nos fins de semana. No trecho de entrada da trilha, aberta pelos próprios religiosos, se formou uma clareira, onde estacionam carros e kombis, com grupos que buscam o local para fazer práticas religiosas. No entanto, por se tratar de uma área de conservação do Inea, e área de responsabilidade da Fábrica da Estrela, uma das cinco unidades de produção da Imbel, a entrada é proibida.
De acordo com o porta-voz da Imbel, coronel do Exército, Marcelo Muniz, com o apoio do Conselho Consultivo do Revisest, as equipes vinham tentando coibir o avanço da invasão, com monitoramento periódico da área, mas se tornou inviável.
“Em virtude da contínua degradação da área sob responsabilidade da Fábrica e da possibilidade de acesso de invasores a áreas de segurança, a FE foi obrigada a providenciar o cercamento da área que rotineiramente é invadida. Informo que o INEA, administrador da Unidade de Conservação, sempre solicitou à FE apoio para ações conjuntas, com o intuito de minimizar o impacto ambiental já causado pelas invasões na região da Unidade de Conservação”, esclareceu, coronel Muniz.
A área em questão recebe atenção redobrada devido ao risco de invasão na área de segurança da Imbel, que fabrica e comercializa armamento especialmente para as Forças Armadas e policiais. Além disso, na área de conservação é realizado o monitoramento de espécies da Mata Atlântica e também em extinção. No local há registros de uma onça parda, no final do ano passado, o mico-leão-dourado, primata endêmico do Brasil, em extinção, coruja-buraqueira (Athene Cunicularia), entre outros.
Por Luana Motta/Foto: Flávia Cunha