Moda sustentável: marcas petropolitanas reutilizam materiais que seriam descartados

Quem é que não gosta de uma pecinha nova no armário? As vezes a gente realmente precisa dar aquela repaginada nas nossas roupas e acaba que o consumismo fala mais alto. Mas você já parou para pensar no desperdício que essas pecinhas a mais causam ao meio ambiente? Um dos principais problemas da indústria têxtil é a produção desenfreada e o desperdício de 15% a 20% do que é produzido. Esse excesso de produção acaba sendo descartado de forma errada ou até mesmo sendo queimado, assim gerando 1,2 bilhão de gases de efeito estufa por ano. Mas há algumas soluções para esses problemas.

Em Petrópolis, algumas iniciativas reutilizam essas peças que seriam descartadas e transformam em algo novo. “A Relevo surgiu em 2018, durante um projeto da faculdade. Eu e minha mãe chegamos a conclusão de que utilizaríamos os guarda-chuva para fazer casacos, já que em Petrópolis chove muito. Desde então a gente retirou 2 toneladas de guarda-chuva do ambiente só aqui em Petrópolis”, disse a empreendedora Juliana Pinto, fundadora da loja Relevo.
Assim como a Relevo, a loja Dona Lua, também em Petrópolis, trabalha com o mesmo conceito. A empresa utiliza retalhos ou sobras de tecidos de confecções para produzir peças novas. A teoria da moda sustentável é que tudo por ser reutilizado. “Nós temos parceria com confecções de Petrópolis. Nós pegamos as sobras de tecidos que eles não vão mais utilizar, que são tecidos bons, mas de coleções passadas e transformamos nas nossas peças. A gente avalia como esse tecido pode ser aproveitado e transformamos em peças femininas. As nossas sobras são transformadas em prendedores de cabelo e as sobras dos prendedores, ainda transformamos em conteúdo para almofada e caminhas pets que são doadas depois”, disse a empreendedora Thais Ramos, fundadora da Dona Lua.
O mercado da moda é caracterizado pelo curto ciclo de vida dos produtos. A indústria da moda é uma das que mais poluem o meio ambiente, desde as etapas de fabricação dos produtos até o seu descarte. Por isso, existe a necessidade de buscar alternativas para que esse setor continue produzindo, mas sem agredir a natureza. A moda sustentável é baseada na preservação do meio ambiente em todas as suas etapas de produção e o objetivo é reduzir a quantidade de poluentes usados na fabricação. Uma estimativa feita pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, no ano passado, apontava que roupas velhas, retalhos da indústria da moda e peças de couro compõem as mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados por ano no Brasil.
“A gente tem que prestar mais atenção na hora de consumir e comprar novas coisas. Nós temos tantas peças prontas que poderíamos transformas em outras coisas, ao invés de comprar do zero. Então seria mais um produto indo pro lixo, que demoraria 400 anos para se decompor. Esse pensamento precisa ser mudado. Hoje em dia, falar de empreendimento sem falar de sustentabilidade é impossível”, disse Juliana.
Lojas como a Dona Lua e a Revelo são marcas que incentivam o consumo sustentável, ou seja, incentivam um melhor comportamento dos consumidores para o desenvolvimento deste novo conceito de moda. Elas estão ganhando espaço em todo o mundo e se tornando uma opção cada vez mais aceita.
Por Raphaela Cordeiro