O prefeito Rubens Bomtempo decide nos próximos dias se vai acatar o projeto de lei da Câmara Municipal, que congela o aumento do preço da passagem de ônibus, ou se vai ceder à pressão das empresas e autorizar mais um reajuste durante sua gestão. A crise no transporte, agravada pelas tragédias e o incêndio na garagem das empresas Petro Ita e Cascatinha, deixou o serviço na cidade ainda mais prejudicado para a população. Se aprovado, este será o segundo aumento concedido por Bomtempo em menos de dois anos de mandato.

A reunião do Conselho Municipal de Trânsito (Comutran) que aconteceu na noite de ontem(11) aprovou a planilha orçamentária apresentada pelo diretor-presidente da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Thiago Damasceno, que propõe um reajuste de 7,1%, assim a passagem de ônibus passará de R$ 4,95 para R$ 5,30. A proposta prevê ainda um pequeno desconto para o pagamento via bilhete único, neste, a passagem irá custar R$ 5,15.

As empresas de ônibus apresentaram uma proposta de reajuste ainda maior. Na planilha entregue à Companhia, o Sindicato das Empresas em Transporte Rodoviário (Setranspetro) pedia que o valor final da passagem custasse R$ 5,53. Ao fim da reunião, o Comutran aprovou por 17 votos a 6 a proposta de reajuste de 7,1% da CPTrans.

Tentativa de barrar

Nesta terça-feira (11), ao saber do possível reajuste, os vereadores tentaram barrar as propostas. Um projeto de lei foi aprovado na sessão plenária em regime de urgência para congelar a tarifa. O texto, de autoria do vereador Fred Procópio (PL), impede que as empresas que não cumprem integralmente seus contratos reajustem a tarifa, em especial a renovação da frota.

“Condicionar o reajuste tarifário à comprovação de que as empresas concessionárias ou permissionárias do serviço público de transporte cumprem todas as obrigações legais é uma forma de diferenciar quem cumpre suas obrigações de quem não o faz. Os reajustes são legítimos, desde que cumpridos os dispositivos legais”, explicou Fred.

Mais cedo, o presidente da Comissão de Transporte da Câmara Municipal, vereador Hingo Hammes, já havia se manifestado contra o reajuste. “Nós somos completamente contra esse aumento da passagem em 2021 tivemos a oportunidade de abaixar a passagem e agora a Prefeitura já aumentou a passagem duas vezes em 2022 e está tentando aumentar pela terceira vez agora”, comentou.

Reajuste questionável

As empresas de ônibus em Petrópolis tentam desde 2020, primeiro ano da pandemia, um reajuste à altura das perdas econômicas que vêm sofrendo e ao sucateamento do serviço do transporte público, que acontece não só em Petrópolis, mas em vários municípios do país. No ano passado, o pedido apresentado pelas empresas precificava a passagem a R$ 7,58, um aumento irreal para a realidade em que o serviço é oferecido na cidade.

Quando assumiu em 2021, já nos primeiros meses de mandato, o prefeito Rubens Bomtempo concedeu o primeiro reajuste às empresas, a passagem passou de R$ 4,40 para R$ 4,95. Isso, sem que as empresas cumprissem o acordo feito perante à Justiça durante a gestão interina de Hingo Hammes, que garantiu o congelamento da passagem de ônibus enquanto as empresas não cumprissem algumas exigências, entre elas a reposição de 100% da frota suspensa durante a pandemia. Fato que não aconteceu até hoje, em 2023.

Para agravar a situação, a totalidade dos ônibus perdidos no incêndio da Petro Ita e Cascatinha ainda não foi reposta. Até o momento, dos 48 coletivos que as empresas afirmam terem perdido no incêndio da garagem da Petro Ita e Cascatinha, apenas 39 foram repostos.

Foto: reprodução rede social