Moradores do Brejal voltam a enfrentar infestação descontrolada de moscas causada por granja aviária sem licenciamento

Há décadas os moradores do Brejal, na Posse, sofrem com a infestação de moscas na região. A situação piora a partir do momento em que as temperaturas começam a aumentar, na primavera e no verão. Mas especificamente na região conhecida como Juriti, a situação sai do controle dos moradores, onde há uma granja aviária, chamada Granja Raposo, que fica na Estrada Arnaldo Dickerhoff.

Os relatos dos moradores mais antigos da região é que essa infestação se dá pela falta de remédio, na ração das galinhas desta granja, que tem produção de ovos na localidade. “A gente não quer que tire a granja. Qual é a solução? Existe um remédio que eles colocam na ração que dão para as galinhas, que inibe a proliferação de moscas nas fezes da galinha. Porque essa mosca ela nasce das fezes da galinha”, disse uma das denúncias.

Os moradores consideram a situação um caso de saúde pública, já que afeta, não só as residências, mas também os estabelecimentos da região. Após denúncias dos moradores e uma solicitação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Instituto Nacional do Meio Ambiente (INEA) realizou uma vistoria na granja, no dia 28 de junho, onde foram constatadas irregularidades.

No documento, o INEA cita que a vistoria foi realizada junto do responsável pela granja, composta por quatro aviários de aves vermelhas e brancas, criadas para a produção de ovos. de acordo com o INEA, a empresa está operando sem o devido licenciamento, não sendo apresentada a licença de operação durante a vistoria, já que a mesma ainda está em processo de requerimento. O instituto constatou animais mortos, além de uma fossa com pequenas aberturas para descarte dos animais. O INEA apontou também falta de espaço adequado para as necessidades básicas dos funcionários.

“Eu tenho um mercadinho aqui. Dentro do meu mercado tem padaria e lanchonete. É muito desagradável. As pessoas vêm lanchar aqui e tem aquelas moscas… O pessoal que é daqui já se incomoda, mas entende, ou já está acostumado, mas o pessoal que é de fora, o turismo aqui, a gente fica com vergonha”, contou um morador.

Em junho deste ano, o Instituto do Meio Ambiente notificou a granja para que as adequações necessárias fossem feitas em um período de até 60 dias, mas este prazo, já se esgotou. O Inquérito Civil que já está em andamento no Ministério Público do Rio de Janeiro, desde novembro do ano passado, teve início após o órgão realizar uma vistoria e, em seguida, solicitar a intervenção do INEA.

“É muita mosca, mas muita mosca mesmo. Tá pior do que antes… Tem lugar que dá para pegar com a pá! Quando morrem as moscas dá para pegar com a pá… Está muito ruim”, disse outro morador.

Em agosto deste ano, o MPRJ solicitou à Vigilância Sanitária Municipal que fizesse uma vistoria na granja, para que houvesse uma solução definitiva para a crescente infestação de moscas que, segundo o órgão, chegou a níveis insuportáveis mesmo fora da época mais quente. A vigilância sanitária respondeu, afirmando que o caso é de responsabilidade dos Órgãos Estaduais De Defesa Sanitária Animal. A promotoria de justiça também já está investigando o caso.

Em resposta ao grupo Correio da Manhã, o INEA informou que até o momento, a empresa não comprovou o atendimento das notificações, o que poderá implicar no indeferimento do processo de licenciamento e o encaminhamento à fiscalização para as medidas cabíveis, dentre elas o embargo da atividade.

A nossa equipe também procurou a Granja Raposo, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.

Por Raphaela Cordeiro/Foto: divulgação

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