Ao menos 113 problemas em ônibus são registrados em outubro

Um relatório elaborado pelos conselheiros da sociedade civil do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) aponta que, em outubro, ao menos 113 problemas foram registrados em ônibus de Petrópolis. As informações chegam por meio da sociedade civil, que relata quebras, atrasos, falta de higienização e, até mesmo, pouca força para os coletivos subirem ladeiras.

O relatório traz até mesmo problemas de acessibilidade. Segundo o relato, no dia 4 de outubro, uma cadeirante não obteve ajuda para desembarcar de um ônibus da Turp. Nem o motorista nem o fiscal estavam presentes.

Quem precisou utilizar o transporte público na véspera do feriado de Finados, também precisou ter paciência. Além do trânsito, a redação do Correio recebeu denúncias de um ônibus quebrado na Rua Oswero Villaça, em uma descida, o que assustou os moradores. No Meio da Serra, outro coletivo com problemas mecânicos. Na última semana, um coletivo da Petro Ita e Cascatinha enguiçou no Terminal Centro e interditou uma baia.

No interior dos coletivos, também há problemas. Na última terça-feira (31), um coletivo da Cidade Real, que fazia a linha 120 – Contorno estava com o encosto do assento sol. O mesmo ônibus divide o itinerário com a linha 123 – Centenário, desde a pandemia.

Câmara de Vereadores

Também na quinta-feira (1), a Câmara Municipal realizou uma audiência para debater os serviços prestados pelas empresas de transporte público. A reunião foi presidida pela vereadora Júlia Casamasso (Psol) e contou com a presença de diversos representantes da sociedade civil, além da CPTrans. No entanto, as empresas de ônibus não enviaram representantes. O objetivo, além de apontar os problemas, foi mostrar possíveis soluções, além de propor a tarifa zero.

Na audiência, Casamasso reafirmou as dificuldades que enfrentou uma fiscalização à garagem das empresas Petro Ita e Cascatinha. No dia 23 de outubro, a vereadora foi até a empresa, com uma conselheira do Comutran, e identificou diversas irregularidades em ônibus das empresas.

“A gente teve muita dificuldade em conseguir fazer o nosso trabalho porque tentaram impedir de diversas formas. Não colocaram nenhum responsável técnico para nos acompanhar e fazer as explicações necessárias na vistoria. Todo tempo queriam que nos retirássemos. Focamos na perícia dos ônibus, inclusive, norteados pela conselheira Cintia Cirilo, do Comutran, que é mecânica de ônibus e entende muito bem sobre a situação”, informou a vereadora na ocasião.

À época, em resposta enviada ao Correio Petropolitano, as próprias empresas reconheceram os diversos problemas.

“As empresas Petro Ita e Cascatinha reconhecem todos os problemas ainda existentes, mas reforçam o compromisso para melhorias na qualidade do serviço prestado, mesmo após três catástrofes que atingiram as operadoras, sendo duas naturais e uma criminosa”, consta da nota.

A vereadora Gilda Beatriz (PSD) também denunciou que os salários de funcionários da Petro Ita atrasaram mais uma vez. O valor deveria ser pago no dia 20 de outubro, mas os rodoviários iniciaram novembro sem o pagamento. A parlamentar ainda afirma que há trabalhadores recebendo apenas R$ 70 de vale-alimentação.

“Essa empresa não respeita os usuários do transporte público, pois os serviços são de péssima qualidade e também não respeitam seus próprios funcionários”, disse a vereadora.

O que dizem as empresas e a CPTrans

Quanto ao relatório do grupo do Comutran, o Setranspetro informou que os assuntos precisam ser tratados em plenária, conforme exige o regimento interno, para que não sejam tratados de forma política partidária. Não respondeu, no entanto, sobre os problemas apresentados na planilha e sobre o atraso dos salários.

Em relação a fiscalização da vereadora Júlia, as empresas disseram que visitas às garagens devem ser agendadas previamente e ressaltou que as viações são empress privadas, apesar do contrato público. Disse que a ação não permitiu o acompanhamento de uma equipe técnica.

Procurada sobre a fiscalização, a Prefeitura de Petrópolis também não respondeu até o fechamento desta edição. Na audiência pública, o diretor-presidente da CPTrans informou que observa “avanços” no sistema de transporte público, que, para ele, deve ter investimentos para a mobilidade urbana. Citou os impactos da pandemia e do incêndio na garagem das empresas Petro Ita e Cascatinha e disse que a melhora é vista após o acordo que o vale-educação seria relacionado à renovação da frota.

“Tivemos não só um restabelecimento do número de linhas, o aumento da frota efetiva, mas uma troca de 80 ônibus na nossa cidade”, disse. “Hoje conseguimos observar uma série de melhoria nos números”.

Por Wellington Daniel

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