Texto e foto por Wellington Daniel

A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) convocou uma reunião “extraordinária em caráter de urgência” para debater os últimos incêndios em veículos da Petro Ita. A companhia e o sindicato das empresas (Setranspetro) suspeitam que o incêndio tenha sido criminoso. O encontro aconteceu na terça-feira (05), no mesmo dia em que uma ocorrência foi registrada no bairro Siméria, na madrugada.

Quando um ônibus da Petro Ita se envolveu em um acidente no Morin, não houve a convocação de reunião. A ocorrência ocorreu no dia 9 de novembro e só foi debatida pelo conselho no dia 13 daquele mês. Os conselheiros da sociedade civil levantaram o tema em “assuntos gerais”, uma parte da reunião ordinária separada para debater assuntos que não entraram em pauta.

Em relação a dinâmica do incêndio desta última terça, foi informado que o coletivo fez outra linha e retornou para a garagem, para fazer a linha 498, que atende as regiões do São Sebastião, Siméria e Dr. Thouzet nas madrugadas. O motorista percebeu que algo estava errado, ao sentir um calor por baixo dos pedais.

Foi, então, que tentou outras medidas, mas sem sucesso. Ao perceber que não teria como evitar o incêndio, pulou a roleta e, junto com uma passageira, saiu do veículo. A bolsa do profissional ficou dentro do coletivo e também foi incendiada.

O coletivo envolvido neste incêndio estava com o licenciamento atrasado, já que o último foi feito apenas em 2021. A data de fabricação é de 2012, o que ultrapassa o tempo limite previsto por resolução da CPTrans para micro-ônibus, que é de oito anos.

No dia 9 de maio, 78 veículos foram pegaram fogo na garagem da Petro Ita e Cascatinha. Laudos do Corpo de Bombeiros e um particular da CPTrans apontam que há indícios de incêndio criminoso. Em setembro, um ônibus da Cidade das Hortênsias pegou fogo e a ocorrência voltou a se repetir no dia 28 de novembro, em um coletivo da Petro Ita que fazia a linha corujão na região do Quitandinha.

Licitações

Na reunião, o presidente da CPTrans reforçou que o governo municipal vai retomar o processo de licitação das linhas da Cascatinha. O Tribunal de Contas do Estado debate o tema, que, na última semana, teve um pedido de vista. Também será iniciado um estudo para a licitação das linhas da Petro Ita.

Em junho de 2021, o TCE-RJ determinou o início da licitação das linhas da Cascatinha. No entanto, a viação entrou com um recurso e o processo foi suspenso. Até então, a Prefeitura afirmava que esperava uma decisão do tribunal para retomá-lo.

Problemas continuam

Nesta quarta-feira (06), passageiros voltaram a enfrentar problemas nos coletivos. Um ônibus que fazia a linha 466 – Alagoas quebrou na Rua do Imperador e prejudicou o trânsito. O último licenciamento feito no coletivo é de 2018 e a data de fabricação consta de 2012, no limite de onze anos previstos pela CPTrans para que veículos convencionais possam circular.

“O serviço prestado é um lixo. Toda semana quebra, horrível. Não sei que horas vou chegar em casa. É uma falta de respeito”, disse a inspetora Joanne Teixeira, que estava no coletivo, voltando para casa após o trabalho e sem saber a hora que conseguiria chegar.

No mesmo dia, a Petro Ita informou que o ônibus que atendia a linha 451 – Praça Catulo estava com a operação prejudicada devido a estacionamento irregular. No entanto, o coletivo também teve o último licenciamento feito apenas em 2018 e a data de fabricação também é de 2012.

Procurados, nem a CPTrans, nem o Setranspetro responderam aos questionamentos da reportagem.