Entenda os problemas acarretados por uma má administração da saúde do município de Petrópolis

Em entrevista exclusiva, o vereador Dr. Mauro Peralta explica a situação das unidades de atendimento em Petrópolis

Por Gabriel Rattes, com informações de Wellington Daniel

“Saúde não é só tratamento médico. Saúde é educação e transporte também. Se não tem essas duas coisas, não se tem uma saúde de qualidade”, é o que diz o vereador Dr. Mauro Peralta. Em entrevista ao jornal Correio Petropolitano, o também Presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Petrópolis explicou os problemas presentes na saúde no município de Petrópolis e tudo aquilo que pode acarretar.

O vereador Dr. Mauro Peralta visitou recentemente o Pronto Socorro do Alto da Serra e o Hospital Nélson Sá Earp. Na ocasião, Peralta conversou com alguns médicos todos eles contratos por RPA. “Pior situação da saúde em Petrópolis é a psiquiatria. Se você for em um Pronto de Socorro, é homem misturado com mulher, não tem remédio, não tem psiquiatra, psicólogo, e assim por diante”, enfatizou ainda.

Outro dado levantado pelo doutor é de que as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em Petrópolis, deveriam atender 5% do que atendem nos dias de hoje. “Como que a população vai em um reumatologista no Pronto Socorro, se para 300 mil habitantes tem apenas dois reumatologistas. Claro que vai para a UPA. O número de geriatras é o mesmo, tem dois. Já quantos hepatologistas tem? nenhum”, afirmou.

Petrópolis possui seis unidades de Pronto Atendimento, são elas: o Pronto Socorro Nelson de Sá Earp, Pronto Socorro Leonidas de Sampaio, Hospital Alcides Carneiro, e as UPA’s Centro, Cascatinha e Itaipava. Como alternativa para o problema do alto número de atendimento, Peralta sugeriu que unificasse três unidades. “As UPA’s do Centro, Cascatinha e o Alcides Carneiro estão tudo localizados em um raio de 5km. Não era melhor ter três funcionando do que 6 sem funcionar?”, afirmou.

Peralta ainda citou a falta de medicamentos em farmácias populares e a dificuldade para a população realizar cirurgias. “Se você tiver com algum problema no intestino, e precisa fazer uma colonoscopia, você fica as vezes anos esperando. E se você tiver câncer, a lei diz que você só pode esperar no máximo 60 dias. Então você vai correr uma grande chance de morrer ou de piorar a sua situação. Se precisar de uma ressonância magnética, idem. De algum exame mais sofisticado, idem. Tem gente esperando cirurgia fácil de ser feita, a muito tempo”, enfatizou.

Hospital Santa Teresa

No final de novembro, por meio de uma audiência na 4ª Vara Cível de Petrópolis, foi informado o término do convênio do Hospital Santa Teresa, no Bingen, com o SUS. A partir de março de 2024, os contratos não serão renovados. Entretanto o Hospital segue em tratativas com a Prefeitura de Petrópolis para manter os serviços de cardiologia e traumatologia por mais um tempo após o fim do convênio com o SUS. A medida seria tomada para auxiliar o município, já que estes dois serviços seriam mais difíceis para a saúde pública assumir até o fim do convênio.

O Hospital Santa Teresa é responsável pelo atendimento dos principais casos de urgência de cardiologia e traumatologia no município. De acordo com a Sala de Trauma do Hospital, em 2022 e 2023, ao todo foram atendidas 2.923 pessoas por meio do SUS.

Segundo o Doutor Mauro Peralta, as cirurgias eletivas acabam não sendo realizadas devido a grande quantidade de casos de urgência. “Se o município cumprisse pelo menos a função de fazer um atendimento melhor, de ter alguma outra alternativa, ou se pagasse em dia, não teria esse problema. Então nós vamos correr um risco de, em março, ter um maior agravamento do caos na saúde que a gente vive”, enfatiza o vereador.

“No último governo do Rubens Bomtempo, ele deixou R$ 13 milhões de dívidas no Hospital Santa Teresa, e não paga em dia. Isso é uma situação que faz a saúde ser tão precária”, completou Peralta.

O Hospital Santa Teresa vem buscando um reajuste contratual, pois alega desequilíbrio econômico-financeiro nos contratos. Neste ano, conseguiu um acréscimo de R$ 100 mil. A unidade apresentou que, em 2023, o contrato totaliza R$ 42 milhões, mas, para manter a saúde financeira, seria necessário um total de cerca de R$ 70 milhões.

Questionada sobre a situação da saúde no município e as queixas do vereador, não obtivemos resposta por parte da Prefeitura até o fechamento desta matéria.

Foto: Divulgação / Site do Hospital Santa Teresa

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