Clipe ‘Recomeço’ reflete trajetória e conhecimentos ancestrais do povo preto

O vídeo clipe que estreiou na sexta-feira (2) e traz o subtítulo “O Futuro é o nosso nome”

Por Leandra Lima

Resgatar memórias, feitos e saberes ancestrais do povo preto, abre caminhos para a construção de um futuro consciente e enraizado baseado nos feitos e contribuições deles para a sociedade, refletindo a força, os conhecimentos e a potência intelectual de um povo que foi completamente apagado da história, mas possui tanta riqueza que vem sendo alforriada nos tempos atuais para que a população preta tenha referencias reais. Como dizia o cantor e compositor Bob Marley, “Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes.”

Imbuído desse sentimento o rapper Topre lançou o videoclipe do single “Recomeço (O Futuro é o Nosso Nome)”, que é embasado na filosofia africana Sankofa, que dita sobre aprender com o passado para a construção de um futuro enraizado. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, o conceito de Sankofa (Sanko = voltar; fa = buscar, trazer) origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. O clipe estreia nesta sexta-feira (2) no Youtube e o single já está disponível em todas as plataformas digitais.

Topre fala que “Recomeço” reflete nos versos, que o saber é tradição entranhada nos costumes de pessoas pretas, desde a divisão de recursos até a administração de um negócio. “A ideia central da música é intensificar o auto cuidado, esperança e a autonomia no inconsciente de quem é desacreditado pelas mais diversas camadas de opressão e marginalização social e cultural, gerando assim a capacidade de autocrítica como seres detentores de um conhecimento ancestral”, disse. A estreia do clipe se dá no dia de Yemanjá, o que o artista disse ser intencionalmente para assim trazer a conexão da faixa com a ancestralidade Afrikana e a cultura preta espalhada pelo Brasil.

O futuro é nosso nome

A faixa musical traz o subtítulo “O Futuro é o nosso nome” indicando a utilização desses saberes como prova central de superação, após tentativas de apagamento das ideias e conhecimentos com o uso da falsa narrativa predominante sobre pretos não pertencerem a uma raça inteligente.

O projeto conta com a produção e composição de Topre, mixagem e masterização da Fumacinha Records, estúdio de Juiz de Fora do rapper, poeta e produtor Preto Vivo e a pós -gravação do produtor petropolitano Qorpo. O áudio visual e os cenários fotográficos foram realizados pelo publicitário e videomaker Jhon de Abreu, com edição colaborativa de Topre e Jhon.

Reafirmando o compromisso com o ancestral, o single traz nas letras palavras de afirmação do poder da comunidade negra em resistir e ser resilientes frente às gerações, “Ser filho de preto é ter sempre o peito em busca do sol, mantenho o respeito aos meus ancestrais, escrevo essas letras pros meus irmãos (…) quem quer ver preto morto vai ver navio(…) deixando essa luz entrar em mim descobri que o meu fim vai sempre o recomeço(…)

Foto Divulgação

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