Conheça algumas das grandes personalidades petropolitanas

O município de Petrópolis completa 181 anos de história neste sábado, 16 de março. Em todo esse tempo, a cidade carrega diversos registros históricos de gastronomia, lazer, cultura, esporte, política, entre outros. Inseridos nesses registros, há algumas personalidades que participam ativamente para fomentar as atividades de cada setor. A equipe do Correio Petropolitano entrou em contato com algumas dessas pessoas para entender melhor a relação delas com a cidade. 

Bar do Laranja: Neste ano fazem 50 anos de um dos restaurantes mais tradicionais e antigos da cidade de Petrópolis, o Pipa’s Laranja Bar e Restaurante. Tarciso Laranja foi o fundador do estabelecimento, e com os anos a administração passou de geração em geração. “Há 50 anos meu pai trabalhava em um local no Quitandinha e surgiu a oportunidade de abrir o bar aqui. Então ele fundou o bar sozinho e depois vieram os filhos, e estamos aí até hoje. Já está na terceira geração”, explica Henrique Laranja. 

Além de possuir um vínculo profissional, o estabelecimento também tem um apego emocional e histórico. “Hoje está na ‘batuta’ do meu irmão mais novo, Fábio Laranja, mas por aqui já passaram todos os irmãos. O carinho das pessoas que voltam e relembram do tempo lá atrás de fundação não tem preço. Já passaram por aqui diversos turistas alemães e americanos”. “Tem histórias de pessoas que vêm aqui e dizem ‘meu pai e minha mãe costumavam vir aqui e hoje eu venho aqui’, por isso o apego emocional”, completou. 

Henrique deseja uma melhor conscientização por parte dos políticos para um futuro melhor. “Os comerciantes estão muito deixados de lado nesse momento. Acho que a população de uma forma geral necessita de um carinho e de um apoio. O Censo acusou que a cidade vem perdendo população. Isso implica muito no comércio”, finalizou.

Luciana da Silva é cozinheira do bar há dez anos e rasgou elogios. “Adoro trabalhar aqui, as pessoas agradecendo pela comida e ficando satisfeitas com a comida é maravilhoso. O amor da família Laranja ficou gravado na minha mente. A ceia de natal era para os moradores de rua, sempre que podia eles ajudavam o povo e os mais necessitados”, afirmou Luciana. 

Para a cozinheira Petrópolis necessita de muita mudança. “Os políticos deixam a desejar. Muita coisa tem que mudar. Basta olhar para a Saúde, se depender dela não está boa”, disse. 

Marcia: Márcia Verônica Ferreira é formada em educação física e está em Petrópolis há 67 anos. Também é árbitra de voleibol formada pela Federação de voleibol do RJ e técnica nível 2 formada pela CBV (Confederação Brasileira de Voleibol). Atualmente, Márcia é gestora do Projeto Vôlei Petrópolis, que existe há 18 anos. “Possuímos cerca de 300 alunos nas escolinhas de vôlei distribuídos nos seis polos que atuamos. Temos formação para equipes de competição, a partir dos 9 anos até master, e realizamos voleibol com gratuidade para cerca de 120 crianças da rede pública”, explicou.

A paixão pelo esporte surgiu aos dez anos de idade. “Na época tive um professor que acreditou em mim e me levou para uma seletiva no Rio de Janeiro. Fui aprovada e passei a fazer parte da seleção carioca por três anos seguidos. Através do esporte, viajei de avião pela primeira vez, conheci vários estados brasileiros, fiz grandes amizades, e conquistei saúde para estar trabalhando até hoje”, afirmou. Em 2016 a gestora participou da passagem da Tocha Olímpica pela cidade. “Foi emocionante, e inesquecível ter tocado nela”, conta.

Para Márcia, projetos de investimentos na Saúde são cruciais para termos uma cidade melhor. “Uma gestão que acredite que o investimento maior precisa começar na atenção primária, na promoção e manutenção de hábitos saudáveis regulares para todas as idades, e educação física escolar em todos os segmentos”, disse. 

“A pandemia deixou marcas e ensinamentos. Estamos vivendo um momento pós pandemia. Acredito que a conscientização pela valorização da saúde, da vida, ficou bem mais evidente. E por conta disso a população passou a se cuidar mais na promoção da saúde, e nos hábitos mais saudáveis. Ficou mais frequente o interesse pelos esportes, pela prática da atividade física regular, a caminhada, na busca da saúde física e mental”, afirmou.

Anjo: Felipe Vix é natural do Espírito Santo (ES), mas está na cidade desde 2016. Para todos que passam em frente ao prédio dos Correios no Centro da cidade, Vix já é uma figura conhecida por seu trabalho. Chega discretamente no local, e em apenas 15 minutos já está totalmente caracterizado como o “Anjo dos Correios”. “Comecei nas ruas como mágico, até que em 2001 conheci a arte do estatuísmo (ou estátua viva). Comecei com um figurino usado, depois criei meus próprios figurinos e personagens e já se vão 22 anos”, afirmou o artista. 

Para Felipe, a receptividade petropolitana não poderia ser melhor. “Todos os dias várias pessoas além de contribuir, perguntam como estou e como está minha filha e família. Realmente se importam comigo. Toda a cidade apoia meu trabalho, principalmente as senhoras e crianças”, enfatizou. 

No ano de 2023, Felipe teve o figurino de anjo furtado. “No começo custou a ficha cair, mas como se trata da minha renda principal, recorri às redes sociais e ao público nas ruas para que eu pudesse reconstruir o ‘Anjo dos Correios’. A resposta da população foi imediata, todos que podiam ajudaram tanto com doações, material para confecção e até mão de obra”, afirmou. 

Noelia: Noelia de Melo está há 30 anos na cidade de Petrópolis, quando foi convidada a assumir a assessoria de imprensa da recém-criada Fundação de Cultura. A jornalista já recebeu algumas premiações após realizar grandes feitos em favor da população petropolitana, como o título de Cidadã Petropolitana, indicado pelo Dr. Aloísio Barbosa (médico cardiologista e vereador), e também o prêmio Zilda Arns, pelo vereador Gil Magno. “Foi uma grande honra e emoção receber esses títulos. Eu sou muito feliz em Petrópolis, concordo e vivo aquilo que o autor do hino da cidade diz. A letra é linda e traduz todo o sentimento que eu sinto em relação a Petrópolis”, enfatizou. “Em um trecho ele diz ‘vem viver em Petrópolis, que se você pensa que é feliz em outra terra é porque ainda não viveu aqui’. Eu vim de outras terras, sou mineira também, e experimento esse sentimento que o Geraldo Ventura externou no hino”, completou. 

Durante a pandemia da covid-19, Noelia esteve à frente de um projeto intitulado Xepa do Bem. O projeto, que contou com médicos, clínicas, pousadas, restaurantes, igrejas e diversos outros empreendimentos, ajudava a distribuir cestas básicas para aqueles que estavam sendo intensamente impactados pela crise econômica. 

Mãozinha: Marlus Renato, conhecido como “Mãozinha”, está em Petrópolis desde 1999 e é figura marcada pela população que frequenta o Centro. “Algo que me marcou na cidade foi quando eu entrei pela primeira vez na TV, em 2004, quando começou realmente minha vida artística aqui em Petrópolis e continuo há mais de 20 anos”, disse. Já o apelido surgiu após aparições em um programa da TV Cidade, que futuramente viria se tornar a TV Correio da Manhã (TVC). “Era um programa de variedades e era o que mais distribuía prêmios aqui na cidade. O apresentador precisava de um personagem, como um ‘Louro José’ ou ‘Xaropinho’, mas a gente não tinha boneco na época. Então surgiu a ideia de aparecer somente a mão, com isso o apelido Mãozinha”, explicou.

Marlus começou a vida artística em 1975 e já atuou em teatro, cinema, televisão e rádio. Para ele, a cidade representa a realização de um sonho profissional. “Em 1983 eu consegui meu registro profissional junto ao Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro [SATED/RJ]. Essa parte artística eu sempre quis. Aqui em Petrópolis eu consegui essa projeção e reconhecimento profissional”, enfatizou. 

O jornalista já está afastado há mais de três anos das telas, no entanto ainda é reconhecido e recebe carinho por onde anda. “É muito bacana esse reconhecimento. Ser reconhecido pelo seu trabalho não tem preço. Esse carinho que a gente dá para as pessoas e elas retribuem”. 

Para uma Petrópolis melhor, Mãozinha espera uma diminuição da desigualdade. “Uma pequena parcela da população mora nos centros, a grande parte dos petropolitanos mora em cima dos morros e nas comunidades. Então espero que as coisas realmente melhorem no quesito de prevenções. Eu entendo que é uma cidade difícil pela geografia, mas se tiver um pouco de prevenção acredito que vai melhorar”, finalizou. 

Elisabeth Graebner (segmento germânico): Elisabeth Graebner mora em Petrópolis desde 1974 e possui raízes alemãs. Já no ano de 1989, em uma busca por resgatar as tradições, foi convidada a ingressar no Clube 29 de Junho, que na época coordenava o Festival Germânico, precursor da Bauernfest. “A partir de então, mergulhei nesse mundo da Cultura germânica e nunca mais parei”, enfatizou Graebner. 

A atual diretora artística e cultural do Clube 29 de Junho, participou de eventos marcantes na cidade, como por exemplo a primeira Bauernfest. “Não sai das minhas lembranças pois finalmente Petrópolis estava começando a viver um novo tempo. Um tempo de resgate da cultura alemã, tão adormecida aqui. Ver minha família quase toda envolvida, foi sempre muito gratificante. Ter meu marido, filha, genro, nora e neta no palco comigo, me davam a certeza que estávamos no caminho certo”, afirmou.

Para o futuro, a diretora espera que haja uma maior referência à preservação da cultura dos imigrantes. “Petrópolis precisa urgentemente de uma escola pública com ensino da língua alemã. Temos centenas de jovens fazendo tão bonito nos grupos folclóricos através da dança, dos lindos trajes, resultado de muita pesquisa que poderia ser muito mais produtiva se esses jovens tivessem acesso ao ensino da língua alemã em escolas públicas”, finalizou.

Por Gabriel Rattes/Foto: TVC

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