Mulheres em destaque no meio cervejeiro

Juliana Souza, sommelier de cerveja reafirma o lugar das mulheres no setor­

Há tempos atrás, precisamente durante o período do Antigo Egito até a Idade Média as mulheres eram as únicas à frente da produção de cerveja. Inicialmente no Egito elas serviam o líquido em festas ou em suas casas, pois a água tinha uma qualidade ruim, com o passar do tempo especialmente durante a Idade Média elas começaram a transformar o feito em trabalho, passando a vender a bebida em mercados. As produtoras eram conhecidas como “alewife(ves)”, que significa mulheres que fabricavam cerveja para venda comercial. Uma característica das comerciantes era como se vestiam, sempre estavam com chapeis pontudos em frente a um caldeirão, onde fermentavam o líquido. Essa imagem foi associada às bruxas, com isso na era medieval da idade média, a igreja começou a olhar essas mulheres como feiticeiras que capturavam homens pela porção mágica. A partir dessa concepção as alewives foram perseguidas e aniquiladas. Esse episódio abriu caminho para que os homens tomassem a frente da produção da cerveja contribuindo para que o setor se fechasse para o grupo feminino durante anos.

Atualmente este cenário está em constante mudança, segundo a petropolitana Juliana Souza, que é sommelier de cervejas, a participação feminina no setor já é bem notável, principalmente na cidade, por ser considerada a capital Estadual da Cerveja. Juliana fala que começou a se desenvolver e perceber o interesse de outras mulheres no setor durante a pandemia. Em 2022 se formou em sommelier, num curso liderado por empreendedoras. Na sequência a profissional iniciou a jornada cervejeira, marcando presença nos eventos regionais, com isso conseguiu o posto de juíza em certas competições.

“Em todo evento ou festival que vou, reafirmo que ter mulher no meio cervejeiro é uma reconquista, por que viemos lá da idade média com o homem nos excluindo completamente do meio, apagando as raízes. Então quando vejo a força e resiliência que a mulher tem dentro deste mundo masculino, fico feliz”, disse a sommelier.

Juliana ressalta que o setor ainda é dominado por homens, e a sociedade já tem uma ideia formada de como o ser feminino deve agir dentro desse universo, algo possível de ver nos comerciais que utilizam mulheres bonitas para atrair os consumidores. “Não é um mercado fácil, infelizmente há muitas barreiras, em torno de nós é criado uma imagem de sacramento, muitos ainda falam que mulher não tem força o suficiente para estar no chão da fábrica fazendo o trabalho braçal”, expressou.

A profissional indaga que o caminho é árduo, mas possível. “Existem muitas possibilidades para as mulheres na cerveja, costumo enfatizar que o cara que inventou a cerveja foi uma mulher”, falou. Como forma de estímulo Juliana Souza tem um curso onde capacita e passa seus conhecimentos cervejeiros às mulheres de forma suave, tentando quebrar os preconceitos ao redor da área.

Texto: Leandra Lima / Foto: Divulgação

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