Pleito aconteceu nesta semana, na Casa dos Conselhos

Por Gabriel Rattes

A votação para eleger os 11 representantes da sociedade civil no Conselho Municipal de Transportes (Comutran) de Petrópolis aconteceu nesta quarta-feira (31), na Casa dos Conselhos Augusto Ângelo Zanatta. Entretanto, algumas possíveis irregularidades foram constatadas por atuais conselheiros e vereadores da cidade que estiveram acompanhando a votação. Entre elas: divulgação da lista de candidatos somente no dia da eleição, realização da votação em horário reduzido e no meio da semana, nomes de candidatos sem a devida identificação e pessoas nomeadas em cargos públicos comissionados votando. 

Além disso, está agendada para a tarde desta quinta-feira (01), uma reunião entre alguns conselheiros que representam a sociedade civil atualmente, Ministério Público e o juiz da 4ª Vara Cível de Petrópolis. 

A votação começou às 8h30 e durou até às 15h, desta quarta-feira (31). Após cerca de 3h de apuração dos votos impressos, ficou definido os 11 que irão assumir a cadeira no Conselho. São eles: Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe); Claudia Carneiro Farias da Silva; Alessandra de Souza Cabral; Carlos Alberto da Costa Bento; Sergio Ramos Mattos; José Antônio Damaceno; Rogério Silvério Dias; Nilton Santos Fernandes Borges; Luana de Jesus Fragoso; União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes); e União Federativa das Associações de Moradores de Petrópolis (Fampe). 

O resultado é preliminar. De acordo com o regimento da Conferência Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT), ainda há prazos para recursos.

A reportagem esteve na apuração dos votos e questionou o presidente da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), Diogo Cezar Esteves, sobre os apontamentos. Quanto à realização da votação na quarta-feira (31), ao invés de ser realizada no fim de semana, Diogo respondeu que foi definida em reunião ordinária. “Nós levamos a proposta na reunião, tivemos outras propostas e foi votado, como deve ser um processo democrático. Foi votado e a maioria decidiu por fazer na data de hoje [quarta-feira, dia 31 de julho]”, afirmou.

Em relação às possíveis irregularidades, o presidente não respondeu e disse para que enviasse os questionamentos por e-mail. O Correio Petropolitano aguarda posicionamento. 

Para a vereadora Júlia Casamasso, da Coletiva Feminista Popular, as possíveis irregularidades constatadas tiraram o direito de eleição da sociedade civil. “No horário comercial, durante a semana, como é que a galera vai conseguir deixar o trabalho pra vir aqui votar? Não vai. Tanto o governo como as empresas de ônibus colocaram não só candidatos para serem eleitos representantes do povo, como colocaram cargos comissionados para vir aqui votar. As empresas mandaram ônibus cheios de funcionários com crachá pra vir aqui votar”, afirmou a vereadora.

Dentro do Comutran, há seis vagas destinadas para representantes de empresas de transporte coletivo, uma vaga para representantes de cinco órgãos da Administração Pública (secretaria de Obras, Educação, Esporte, Planejamento, Desenvolvimento Econômico e COMDEP) e cinco vagas para representantes da Companhia Petropolitana de Transportes (CPT). 

“O governo e as empresas de ônibus já têm cadeiras no Conselho. A gente tira completamente a capacidade da real participação da sociedade civil. E é pra isso essa eleição, porque precisamos de um Conselho que seja paritário. Como é que a gente vai decidir coisas muito importantes, significativas pro trânsito e para o transporte público em Petrópolis, sem a sociedade civil de fato ali representada?”, enfatizou Júlia.

“Vamos começar a buscar amanhã os conselheiros da sociedade civil que foram eleitos na última votação. Tem uma reunião na 4ª Vara que iremos acompanhar com eles. A gente vai cobrar e vamos ver o que está ao nosso alcance para tentar reverter essa situação. Porque do jeito que está, não dá pra ficar. Quem foi eleito hoje [quarta-feira, 31 de julho] não representa a sociedade civil”, completou.