Vereadora Júlia vai a Brasília para discutir direitos de desaparecidos em Petrópolis

Júlia é a única parlamentar de Petrópolis que, em parceria com organizações sociais, luta para transformar em memorial o principal centro clandestino de torturas e execuções do regime militar
A vereadora Júlia Casamasso foi recebida pela Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados, em Brasília, na quarta-feira, 28, para discutir os direitos das vítimas de desaparecimento forçado. A participação foi solicitada pelo presidente do colegiado, deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Ambos estão empenhados em transformar o antigo centro de tortura clandestino de Petrópolis, conhecido como “Casa da Morte”, em um memorial da ditadura militar.
Durante o depoimento, Júlia resgatou o histórico do espaço, apontado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) como o principal aparelho clandestino de torturas e execuções da ditadura militar (1964-1985). Utilizada pelo Centro de Informações do Exército (CIE), a “Casa da Morte” foi localizada por Inês Etienne Romeu, membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), única prisioneira política a sair viva da casa. Há 14 anos, organizações sociais, lideradas pelo Grupo Pró-Memorial Casa da Morte, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis e a Comissão Municipal de Memória, Verdade e Justiça (CMV), lutam pela desapropriação do imóvel.
Em 2023, após anos de esforços contínuos, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) tombou temporariamente o imóvel. Finalmente, em julho deste ano, a prefeitura de Petrópolis e o governo federal firmaram um convênio para a desapropriação da casa. Júlia e Glauber garantiram uma emenda parlamentar no valor de um milhão de reais para o projeto museológico. O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ), em parceria com o deputado estadual Yuri Moura (Psol), também articularam 400 mil reais em emendas parlamentares para o processo. “Finalmente será possível materializar a luta de muitos agentes políticos e honrar de fato a memória daqueles que deram suas vidas pelo país”, comenta Júlia.
O Brasil é signatário da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas da Organização dos Estados Americanos e da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados da ONU. A vereadora Júlia destacou a importância do projeto: “Este memorial não é apenas um tributo às vítimas, mas também um passo crucial para garantir que atrocidades como essas nunca mais se repitam”.