Mulheres mostram trabalhos que denunciam violações de direitos humanos

Bordando direitos é o nome da exposição aberta no Masp

Enquanto no Chile as peças eram produzidas de forma individual, no MAB elas passaram a ser feitas de forma coletiva. “O tripé da nossa estratégia é a luta, a formação e a organização da ação. Como movimento social, a gente acredita numa luta coletiva. As arpilleras são o espaço onde esse tripé acontece”, ressaltou Iandria.

“Nessas oficinas há um encontro dessas mulheres, ou seja, você cria um espaço seguro para que elas possam dividir, compartilhar e conversar sobre a experiência que estão tendo naquela situação de serem atingidas. Então, a arpillera não é apenas um objeto, mas também uma ferramenta de educação popular”, reforçou a curadora.

Durante a exposição, o público poderá fazer parte da experiência. O MAB vai promover uma oficina de arpilleras para o público, no dia 27 de abril, das 10h30 às 13h30.

Denúncias

No Masp, as peças em exposição denunciam não só o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, como também a reforma trabalhista, a especulação imobiliária, a insegurança alimentar, a violência sexual e até mesmo as consequências provocadas pela pandemia da covid-19. “As artistas [que confeccionaram essas peças] são todas atingidas por barragens. Todas elas foram atingidas pelo modelo energético e por esse sistema capitalista e patriarcal. Essa é a beleza e a denúncia que a gente traz por meio das arpilleras”, afirmou Iandria.

Uma das peças, por exemplo, trata do desmatamento. “Enquanto eles desmatam e destroem, nós plantamos a vida”, bordaram as mulheres nessa obra.

“Hoje em dia, a ideia de atingido e atingida incorpora muitas outras questões, não só pelas barragens, hidrelétricas ou mineração, mas também pelos atingidos pelas mudanças climáticas”, disse a curadora. “Muitas dessas arpilleras vão falar da perda de vínculo com a comunidade, por exemplo, pois quando chega uma barragem, as pessoas são deslocadas. Você é expulso daquela região e vai para outra casa que foi construída para receber essas pessoas. São todas casas impessoais, sem nenhum tipo de intervenção de quem vai morar ali. E, muitas vezes, essas casas ficam apenas no nome do homem”.

Cada arpillera vem acompanhada por uma carta, escrita por essas mulheres. “Na arpillera sempre tem uma cartinha, que leva a mensagem de denúncia para todo o país e até para fora dele”, explicou Iandria.

Na mostra, o público terá acesso à seleção de seis cartas manuscritas. “Todas as peças têm uma carta que é produzida coletivamente pelas mulheres que a fizeram. Nem todas são manuscritas: algumas são digitadas, mas todas têm uma carta que fica guardada num bolsinho bordado atrás da peça”, disse a curadora.

Mais informações podem ser encontradas no site da mostra. O museu tem entrada gratuita às terças-feiras e também nas noites de sexta, a partir das 18h. O agendamento para entrada no museu é obrigatório no site do Masp

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