MPRJ aponta 12 possíveis irregularidades no Crazy Park

Local foi marcado pela morte de um jovem de 19 anos no último fim de semana
Por Gabriel Rattes
Documentos divulgados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e pelo Batalhão do Corpo de Bombeiros (CBMERJ) apontam 12 possíveis irregularidades no Crazy Park, que estava instalado no Parque Municipal Paulo Rattes, em Itaipava. A vistoria foi realizada após o acidente que matou um jovem de 19 anos e deixou duas mulheres feridas no último fim de semana.
Dentre as irregularidades constatadas pelo CBMERJ e que culminaram na interdição do parque de diversões, foram: número de extintores incompatíveis com a quantidade autorizada em planta baixa; geradores de energia não devidamente cercados por grades; pontos de oxidação em componentes de metal em alguns brinquedos; e pontos de energia elétrica expostos ao público. Apesar do constatado pela vistoria após o acidente, a empresa possuía todas as autorizações de funcionamento emitidas pelo Corpo de Bombeiros.
Entenda o processo
Na noite de sexta-feira (02), um acidente em um dos brinquedos do parque de diversões Crazy Park, instalado na Expo Petrópolis 2025, resultou na morte de um homem. Duas mulheres também ficaram feridas. As vítimas foram socorridas dentro do parque e encaminhadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaipava. Morador de Miguel Pereira, João Victor Souza Trindade, de 19 anos, faleceu ao chegar na unidade devido a múltiplas lesões, uma mulher teve ferimentos, mas foi liberada, e a outra teve escoriações e foi liberada ainda na madrugada. Testemunhas afirmam que a trava de segurança do brinquedo “Expresso do Amor” soltou em uma das voltas.
O MPRJ, por intermédio da 2ª Promotoria de Tutela Coletiva do Núcleo Petrópolis, propôs um procedimento de tutela provisória antecipada em caráter antecedente em face do Crazy Park. Segundo o documento protocolado, uma equipe do Grupo de Apoio aos Promotores (GAP), também compareceu ao local, às 16h30 de sábado (03), para acompanhar a vistoria dos bombeiros. Por volta das 18h30, chegou ao local a equipe do CBMERJ comandada pelo Capitão Baltazar, vistoriador, que percorreu todos os brinquedos avaliando as condições de cada um e o cumprimento das exigências propostas.
Embora o laudo dos bombeiros inclua apenas quatro irregularidades, de acordo com o documento do GAP, foram constatadas 12 questões:
- A inadequação das colunas usadas para a sustentação dos brinquedos, visto que a maioria das colunas estão sustentadas e apoiadas em cavalete, não previsto tecnicamente:
- Aterramento exposto no brinquedo Barca Viking – Piratas, na área de circulação de pessoas;
- Diversos fragmentos de vidro no piso da Barca Viking – Piratas onde os usuários se sentam para brincar, não sendo possível verificar a origem do material;
- Ferrugem na estrutura do brinquedo barca viking;
- Rachaduras no brinquedo barca viking;
- Elétrica exposta ao lado do brinquedo Samba em área de circulação de pessoas;
- Aterramento exposto no brinquedo carrinho de bate-bate;
- Elétrica exposta no carrossel elefante;
- Falta de isolamento adequado onde estão depositados os transformadores. A área deveria estar completamente isolada da circulação de pessoas;
- Falta de isolamento de proteção adequado no brinquedo crazy. Foi verificado um vão de aproximadamente um metro entre a plataforma e o painel do brinquedo que pode ocasionar quedas visto que o brinquedo faz dois movimentos de rotação simultaneamente;
- Fiação exposta no brinquedo tobogā;
- Diversos fios expostos inclusive desencapados no brinquedo Scream Place, cabendo esclarecer que a proposta do brinquedo é de uma pista onde as pessoas circulam com pouquíssima iluminação.
Posicionamento do Crazy Park
Ao Correio Petropolitano, a defesa do Crazy Park respondeu que o gerador não estava totalmente isolado porque as cercas foram utilizadas para interditar o brinquedo. “[…] tirando essas cercas ficaram alguns fios expostos”, explicou o advogado Giuliano Vettori. Quanto aos extintores, o advogado afirmou que no momento da estreia do parque de diversões e durante a operação havia 16 no local, mas que durante a vistoria havia somente 12 e que a diferença pode ter sido por conta de furto ou extravio.
Quanto às irregularidades apontadas pelo GAP, não obtivemos uma resposta.