Concessionária ligada à Concer vence leilão para administrar a BR-040/495

Nova Estrada Real, consórcio ligado ao Grupo Triunfo, assume concessão por 30 anos
O Consórcio Nova Estrada Real venceu o leilão da BR-040/495/MG/RJ, realizado nesta quarta-feira, 30, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Conforme o edital, o leilão tinha o critério de maior desconto na tarifa do pedágio para eleger a empresa vencedora. O consórcio apresentou uma proposta de 14% de desconto saindo como vencedora. Outras duas concessionárias também apresentaram propostas: ERR participações (3,08% de desconto) e Sacyr Concessões e Participações (1%). O Consórcio Nova Estrada Real é administrador de uma das empresas sócias do grupo que inclui a Concer (Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora – Rio), o Grupo Triunfo.
A concessão terá 30 anos de duração. Promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério dos Transportes, abrange 218,9 km e prevê mais de R$ 8,8 bilhões em investimentos em infraestrutura rodoviária. As obras incluem duplicações de pistas, faixas adicionais e a conclusão da Nova Subida da Serra de Petrópolis, considerada um ponto crítico para o trânsito na região.
Concer
Concessionária do trecho entre Juiz de Fora (MG) e o Rio de Janeiro (RJ), da BR-040, desde 1996, a Concer, do Grupo Triunfo, não participou do certame diretamente. A Empresa foi duramente criticada sobre o não cumprimento das obrigações relacionadas à recuperação, operação, manutenção, monitoração, conservação e implantação de melhorias. Outro ponto criticado é a construção da Nova Subida da Serra, cuja execução era de responsabilidade da Concer, deveria ter sido concluída em 2014, conforme contrato de concessão firmado entre o antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) – substituído pela ANTT – e a Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora – Rio. A obra, no entanto, jamais foi concluída.
Rodovia histórica
Inaugurada em 1861 por Dom Pedro II e batizada como Estrada União e Indústria, a BR-040 era a principal rota dos barões do café e comerciantes, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, cidade serrana que servia de refúgio à família imperial durante longas temporadas de verão.
O trecho Rio-Petrópolis da rodovia foi o primeiro pavimentado do Brasil, em 1928, por determinação do então presidente Washington Luís. Nos anos seguintes, a infraestrutura foi estendida até Juiz de Fora e, durante o governo de Juscelino Kubitschek, consolidou-se como uma das principais ligações com Brasília, a nova capital federal.
“Falar da BR-040 é falar de história, é uma estrada imperial. Mas é também falar de turismo, de trabalho, de educação, da ligação com o Rio de Janeiro, com Minas Gerais. Ela atravessa nossas vidas”, diz a professora de literatura Ellen Drumond, que se mudou para Petrópolis há dois anos, após viver no interior mineiro. “Conheço bem essa estrada, sempre foi meu caminho. A BR-040 precisa ser mais segura e eficiente”, completa.
Subida da Serra
O traçado da rodovia, inovador para a época, foi construído com a técnica de macadamização — sobreposição e compactação de pedras e brita — e permitia velocidades de até 20 km/h, um feito para os padrões do século XIX.
Se no século XIX alcançar 20 km/h era um avanço da engenharia, hoje essa velocidade é, por vezes, difícil de manter, especialmente na subida da Serra de Petrópolis — um dos maiores gargalos da BR-040/495/MG/RJ. A lentidão impacta moradores, turistas e setores produtivos, como indústria e agricultura.
Uma das principais rodovias do país
De acordo com a Firjan, a 040 desempenha papel essencial na infraestrutura rodoviária brasileira, ligando a região Sudeste ao Centro-Oeste do país. O trecho entre Juiz de Fora (MG) e o Rio de Janeiro (RJ) é um dos mais importantes corredores logísticos do Brasil, sendo fundamental para o escoamento de bens industriais e serviços, insumos agrícolas e produtos manufaturados, além de ser vital para a integração econômica entre o Sudeste e outras regiões do país.
“Trata-se de um pleito histórico da federação, mas, mais do que isso, de uma demanda histórica da sociedade fluminense, que convive há décadas com os riscos e limitações do atual traçado da serra”, destaca o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Com o novo operador, a Firjan espera que ocorram as melhorias na infraestrutura. “Garantindo um transporte mais eficiente de matérias-primas e produtos acabados, reduzindo impactos negativos causados por congestionamentos e trechos críticos da rodovia. Além disso, a ampliação da capacidade da via facilitará o tráfego de caminhões, garantindo maior fluidez e segurança para a logística das empresas”, completou.
Sobre o Edital
A concessão foi aprovada dentro do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e também faz parte do Programa Nacional de Desestatização (PND). A proposta recebeu apoio legal por meio da Resolução nº 52 e do Decreto nº 9.972/2019.
Os estudos técnicos, econômicos e ambientais foram feitos pela Infra S.A. e validados pelo Ministério dos Transportes (Portaria nº 1.343/2021). O projeto foi apresentado à sociedade durante a Audiência Pública nº 007/2021, quando foram recebidas sugestões da população.
O Tribunal de Contas da União (TCU) analisou os estudos e autorizou o prosseguimento do projeto em novembro de 2025. Após essa etapa, a ANTT publicou o edital nº 1/2025, por meio da Deliberação nº 11, no dia 17 de janeiro de 2025.
Por Gabriel Rattes
Foto: Divulgação/Ministério dos Transportes