Mercado de trabalho: Pesquisa revela que mulheres 50+ são vistas como obsoletas no mercado de trabalho

Uma pesquisa conduzida com lideranças femininas de diversos setores, publicada na Harvard Business Review, mostrou que, depois dos 50 anos, as mulheres passam a ser vistas como ultrapassadas e obsoletas, sendo ignoradas nos planos de sucessão de cargos nas empresas. Esse panorama reflete o etarismo – discriminação com base na idade –, ainda bastante presente nas organizações brasileiras e que tem como principal alvo as mulheres, como descreve Cláudia Cardoso, professora de Recursos Humanos e de Psicologia da Estácio.

Professora de RH e de Psicologia da Estácio destaca que o etarismo feminino parte de vieses inconscientes que começam em processos seletivos e se estendem a oportunidades para posições de liderança

“Infelizmente, existe uma cultura organizacional que enxerga as pessoas 40+ como improdutivas, desatualizadas e sem habilidade digital. Essa percepção preconceituosa é agravada quando se trata de mulheres, sobretudo para oportunidades de crescimento, promoção, liderança e gestão. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que analisa a diversidade de gênero e raça nos órgãos da administração (conselhos e diretorias) e entre os empregados de companhias de capital aberto, mostra que apenas 22,8% dos assentos dos conselhos de administração têm pelo menos uma conselheira e 15,8% dos cargos na administração são ocupados por mulheres”, afirma.

De acordo com a especialista, o etarismo feminino no mercado de trabalho parte de vieses inconscientes como o de perda de produtividade. “As profissionais 40+, 50+ estão, na verdade, no auge da sua capacidade produtiva, buscando desafios, aperfeiçoamento técnico e novos conhecimentos. É um grupo etário que alcançou uma maturidade profissional, tem mais comprometimento, responsabilidade, sabedoria e soft skills mais desenvolvidas, atributos que agregam no relacionamento com colegas mais jovens, que tendem a ser mais imediatistas”, analisa.

Da mesma forma que é desafiador para as mulheres maduras crescer e ascender dentro do ambiente corporativo, elas enfrentam barreiras na busca por novas oportunidades de emprego. “Muitas companhias colocam perfis de vagas voltados para pessoas abaixo de 40 anos, e isso tem um peso maior entre as candidatas: há uma supervalorização da sua aparência e juventude em detrimento dos homens. Felizmente, a área de Recursos Humanos tem buscado mudar os processos, conscientizando a alta gestão, lideranças e diretores sobre a importância da diversidade etária nas organizações, da experiência feminina, de garantir a elas mais oportunidades de desenvolvimento, promovendo um crescimento das posições de liderança para as mulheres 40+. Com isso, muitas empresas entenderam que uma equipe produtiva e criativa é aquela que prioriza a diversidade, o que resulta em produtos e serviços inovadores”, observa.

Segundo Cláudia Cardoso, alguns segmentos são mais inclusivos para as profissionais mais velhas. “As áreas de educação, consultoria, saúde, recursos humanos, setor público e empreendedorismo valorizam a experiência e o conhecimento. Também observo oportunidades para mulheres 40+ em supermercados, no atendimento público, devido às suas habilidades interpessoais e emocionais, como empatia, paciência, capacidade para resolver problemas e atenção aos detalhes”, explica.

Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Compartilhe!

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.