Petropolitanos ainda se encontram em situações precárias dois meses após a tragédia de fevereiro deste ano

Hoje (15), dois meses da maior tragédia socioambiental em Petrópolis, e ainda tem muita gente precisando de ajuda e passando por situações no mínimo absurdas. A equipe do Correio da Manhã foi ao Morin acompanhar a situação caótica enfrentada por moradores da localidade. Lá os bueiros estão entupidos, existem ruas ainda intransitáveis, e falta energia em alguns pontos. Mesmo após 60 dias da tragédia o cenário de destruição no local, assim como a também em outros áreas da cidade, parece que nunca vai mudar.

Alguns moradores estão ilhados na parte mais alta da rua e nenhum deles consegue sair com os carros da garagem. Com a forte chuva que caiu na manhã desta quinta-feira (14), a situação piorou ainda mais. “Já estamos pedindo para consertar há bastante tempo. A concessionária Águas do Imperador tapou os buracos mas não colocou manilha e nem escoamento de água. Colocaram só terra e a água desviou e abriu todos os buracos de novo”, contou o tecelão Alexandre Prendim, que trabalha em uma confecção no mesmo local.

Ele contou ainda que está impossibilitado de trabalhar já que os veículos não conseguem passar pelo local para levar as mercadorias. Na tentativa de atenuar a situação ele colocou pedaços de madeira sobre os buracos, para diminuir os riscos dos pedestres que precisam descer.

A galeria pluvial que passa no mesmo trecho ficou a céu aberto. A função dela é levar a água até o rio que fica na rua principal, a Marciano Magalhães. A galeria foi atingida por barreiras que caíram no dia 15 de fevereiro e agora, com as pedras e a lama que seguem sendo carregadas pela chuva, ela não tem mais função.

O aposentado Francisco Silva mora na região há apenas um mês. Ele precisou sair da casa onde morava, no Morro da Oficina, depois de ter a residência interditada pela Defesa Civil. Ele conta que se mudou para o Morin no dia 10 de março e com a forte chuva do dia 20, começaram novos transtornos. “A chuva estourou tudo e estamos sem rua até hoje. Vieram aqui e tamparam os buracos só para tirar o carro de um deputado que estava aqui em cima, levaram o veículo dele e abandonaram a gente. Quem tem carro, não consegue usá-lo e está sujeito a todos os riscos na rua. Nem pedestre pode passar”, explicou Francisco.

A autônoma Edna de Oliveira tem uma oficina e conta que o problema é antigo e já se arrasta desde o ano passado. Além da água, a região também sofre com a falta de iluminação pública nos postes. “A água cai aqui na Marciano Magalhães e com os bueiros entupidos, ela entra na oficina. Todas as vezes que chove a gente tem que tirar a lama e puxar a água para fora. A gente pede socorro e as autoridades dizem que estão fazendo alguma coisa mas desde o ano passado que ninguém faz absolutamente nada”, explicou ela.

Edna conta ainda que, com a chuva desta quinta-feira (14), o marido precisou desentupir os bueiros para que a água parasse de entrar na oficina da família. Ela conta que o problema é ainda maior: com as enchentes, moradores da região tem sofrido com doenças como a leptospirose. “Tem um surto de leptospirose e sarna aqui e ninguém fala. Eu não aguento mais. A gente está fazendo um serviço que cabe a prefeitura fazer. A gente paga impostos”, contou Edna.

Procurada, a Prefeitura de Petrópolis informou que as equipes da Secretaria de Defesa Civil estiveram no local na manhã desta quinta-feira (14), onde foi identificado um vazamento de adutora. Segundo a nota, Os agentes avaliaram a estrutura da via afetada e o caso será encaminhado para os demais órgãos competentes para que providências sejam tomadas para a recuperação da via. Até que os reparos sejam feitos na localidade, a recomendação é de que veículos não circulem no trecho. Ainda foi informado que as equipes da Defesa Civil sinalizaram a área e procederam com o bloqueio da via para a passagem de carros. Porém, segundo os moradores, não houve nenhuma interdição da via até o final da tarde de quinta-feira (14).

Por Raphaela Cordeiro/ Foto: Raphaela Cordeiro

Compartilhe!

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.