Investigação aponta negligência na morte de Maria Thereza, que engasgou com pedaço de maçã, em creche de Petrópolis

Desde o dia 20 de maio, o caso da pequena Maria Thereza Vitorino ribeiro, de apenas um ano e três meses, que morreu na creche após se engasgar com um pedaço de maça, segue sem respostas concretas. O que era, há um mês meio, considerado acidente foi classificado pela Polícia Civil, após investigações, como negligência. A diretora e duas professoras do Centro de Educação Infantil Carolina Amorim, foram indiciadas por homicídio culposo.
Maria foi deixada às 07h na creche, mas só recebeu o pedaço de maçã por volta das 13h. Em seguida, a menina foi deixada brincando no chão enquanto a educadora saiu da sala para ir ao banheiro. Ao voltar, Maria estava chorando e aparentava falta de ar. Após tentativas e manobras para retirar o alimento, sem sucesso, o Samu foi acionado às 14h.
A mãe da criança, Kerolani Vitorino ainda tenta encontrar forças para seguir em frente. “É muito difícil para mim como mãe vivenciar isso. A Maria era tudo para mim. Eu não aguento mais as pessoas dizerem que eu quero ganhar dinheiro em cima da morte da minha filha. Eu só queria ela viva comigo, mas infelizmente não posso ter isso. O fato de ser que eu estou respirando me faz sentir culpa, porque minha filha não pode mais fazer isso”, lamentou
Desde 2018, uma lei federal determina que professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos, e privados de educação básica, sejam capacitados em noções básicas de primeiros socorros. No entanto, de acordo com o inquérito, o alimento foi dado para Maria fora dos padrões, o que contribuiu para a asfixia.
Além disso, as professoras não apresentaram preparo na hora de prestarem o socorro. “Foram indiciadas três funcionárias por homicídio culposo, após ser constatado uma série de erros que desencadeou um socorro ineficiente de baixa qualidade. Além do despreparo técnico e emocional dos profissionais”, disse o delegado João Valentim.
A bebê foi encaminhada para a UPA de Cascatinha, que fica a pouco mais de 1km de distância da creche, e ao chegar já precisou ser reanimada. Logo em seguida ela foi transferida para o Hospital Alcides Carneiro, em Corrêas. Maria Thereza morreu dois dias depois. Além das funcionárias da escola, a Polícia Civil também indiciou a médica responsável pelo atestado de óbito de Maria, pois conforme a resolução apenas o Instituto Médico Legal pode emitir o laudo em casos de morte por fator externo.
A investigação ainda apontou depoimentos conflitantes, por parte das professoras e diretora da escola. Após o caso, no dia 23 de junho, a Prefeitura De Petrópolis criou um decreto municipal, que estipula obrigatório o curso de capacitação em noções de primeiros socorros.
Por Richard Stoltzenburg e Larissa Martins