Câmara dos Vereadores de Petrópolis realiza audiência pública para tratar do combate à violência contra as mulheres

A Câmara Municipal de Petrópolis realizou na terça-feira (26) uma audiência pública para tratar do tema “Combate à violência contra as mulheres”. A audiência foi realizada pela Comissão de Defesa da Mulher, no plenário da Casa Legislativa, e foi aberta ao público. Entre os objetivos da audiência pública está a discussão da ampliação de legislação e implantação de políticas públicas para as mulheres no intuito de combater à violência e de ampliar a promoção da cidadania, em virtude do avanço dos casos de violência contra as mulheres.
Em Petrópolis, os casos de agressões às mulheres aumentaram durante a pandemia. A maioria deles aconteceu dentro de casa. Muitas vezes, o crime foi cometido pelo companheiro da vítima. Mas na realidade, os dados podem ser ainda mais altos, já que muitas mulheres não tem coragem de denunciar a violência. “Por vários motivos a mulher não faz uma denúncia. Por amor, paixão, filhos, dependência financeira… Quando ela chega na delegacia, depois de tomar coragem, a gente tem que estar pronto para receber e dar uma solução para ela. Se ela não sentir firmeza no trabalho, a gente pode perder essa mulher e a força de seguir coma denúncia”, explicou Ney Loureiro, delegado titular da 106ª Delegacia de Polícia, em Itaipava.
Segundo dados do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 754 atendimentos pelo órgão, ligado à prefeitura. Neste último fim de semana, em Paraíba do Sul, o caso da menina Bianca de apenas 12 anos, chocou a região. A menina foi violentada sexualmente antes de ser morta. Em maio, outro caso chocou Petrópolis, quando um homem tentou atear fogo na ex-companheira, em plena luz do dia, na Rua do Imperador, no Centro da cidade. Também recentemente, chocou o país o caso no qual um médico anestesista estuprou uma mulher durante a cesariana, após o parto. Ele já havia violentado outras mulheres.
“A gente fica assustado com a quantidade de feminicídio em todo o Estado do Rio de Janeiro. As mulheres estão morrendo pelo fato de serem mulheres. Não são só agressores. Temos agressoras e pode ser qualquer gênero, qualquer pessoa. É um problema de todas nós e toda a sociedade”, disse a Vice-presidente da OAB Mulher, Carla Vale.
A audiência discutiu também a retomada da criação do “Dossiê mulher”, projeto aprovado pela câmara em janeiro deste ano e, posteriormente, vetado pelo governo. Ele tem como proposta a unificação das informações sobre o atendimento às mulheres nas mais diversificadas portas de entrada na esfera pública, o que facilitaria a elaboração conjunta de políticas públicas em Petrópolis.
Também foi reforçada a importância da educação da população para o posicionamento sobre a violência contra a mulher. Tanto para as mulheres entenderem seus direitos, como para os homens, ensinando, desde pequenos, sobre o respeito com as mulheres.
“A gente tem que fazer com que as mulheres aprendam os seus direitos. Muitas vezes, elas não conhecem seus direitos. Isso é geral. A sociedade ainda está muito inflamada com o machismo e o patriarcado. E para eles, tem que ter educação sobre esse assunto nas escolas. Aulas, palestras… Se eles aprenderem, de pequenos, vai mudar muito com o passar dos anos. Inclusive nas empresas e nas indústrias, com os homens formados”, disse Carla Vale.

Por Raphaela Cordeiro

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