Comércio petropolitano ainda busca por recuperação seis meses após as tragédias deste ano

Rodos nas mãos e muito trabalho definiram parte da recuperação do comércio petropolitano, logo após as chuvas do dia 15 de fevereiro. A enchente registrada naquele dia, foi algo que nem mesmo quem já estava acostumado com os alagamentos, que ocorrem na cidade no período de chuva, podia esperar. O nível da água atingiu dois metros de altura nos comércios espalhados pelas principais vias do Centro Histórico. As Ruas do Imperador, Imperatriz, Dezesseis de Março, e muitas outras, ficaram literalmente submersas. Assim como mercadorias, equipamentos eletrônicos, e os sonhos, daqueles que já lutavam para se recuperar da crise provocada pela covid-19.

Cristina é comerciante e estava com a loja aberta há cinco meses quando foi atingida pelas chuvas. “Está sendo dolorido. Após as chuvas as paredes do estabelecimento mofaram. Só agora receberei ajuda do Sebrae com a pintura e reconstrução de algumas partes afetadas, porque não tivemos direito ao crédito disponibilizado pela AgeRio. Solicitei e logo de início fui eliminada, porque pediram pelo menos três anos de atividade e a loja estava recém inaugurada”, lamenta a comerciante, Cristina Carius.

Apesar de nem todos terem conseguido o incentivo financeiro, o Governo do Estado informou que uma linha de crédito foi disponibilizada para os empresários petropolitanos, por meio da Agência Estadual de Fomento, a AgeRio, no valor de R$ 200 milhões. “Buscamos disponibilizar de forma mais célebre possível as linhas de crédito voltadas para microempreendedores, micro, pequenas e médias empresas afetadas. Ao todo foram mais de 3.300 empresários que tiveram direito ao empréstimo”, explica a diretora de operações da AgeRio, Tatiana Oliver.

Bruna foi uma das empresárias que conseguiu o crédito. A cafeteria dela foi atingida na chuva de fevereiro, e também por um novo alagamento em 20 de março, quando foi registrada a segunda grande tragédia deste ano na cidade. Em pouco mais de um mês a comerciante perdeu tudo duas vezes. Mas apesar de tantos prejuízos, ela não só conseguiu recomeçar, como agora também pretende expandir os negócios. “Tenho me recuperado, contamos com a ajuda dos clientes que tem vindo até a cafeteria. Também consegui a linha de crédito no valor de R$100 mil. Com esse valor conseguiremos inaugurar uma nova loja. Mas, claro, longe dos rios para que não haja o risco de novos alagamentos”, conta a empresária, Bruna Freitas.

O mesmo ocorreu com Rafael, que depois de perder toda a mercadoria da loja de roupa íntima, nas duas enchentes registradas no centro, usou o empréstimo para manter abertas as outras duas lojas que já possuía. E, após seis meses, um novo estabelecimento será inaugurado. “No início foi muito difícil, porque já tinha investido em um novo estoque para a loja, quando perdi novamente os produtos em março. Mas apesar de ter demorado, o empréstimo da AgeRio foi disponibilizado. Tenho três lojas e agora vou inaugurar mais uma no distrito de Itaipava”, conta o empresário, Rafael Correia

Mas ainda existem empresários que enfrentam dificuldades para conseguir o valor disponibilizado. Viviane é uma delas. O quiosque de produtos artesanais do qual é proprietária, e que ficava na Rua Dezesseis de Março, foi levado na enchente. O momento de destruição foi filmado por pessoas que estavam ilhadas na galeria durante o temporal. “Eu não consegui a linha de crédito, mas amigos e clientes me ajudaram comprando os produtos. A reconstrução tem sido diária, os fornecedores nos deram prazos longos para pagarmos os produtos e ganhamos um quiosque novo para continuar o trabalho”, conta a empresária, Viviane Peixoto.

A Federação das Indústrias do Estado Do Rio De Janeiro (Firjan), fez um levantamento do prejuízo do comércio em fevereiro. Dados mostram que foram cerca de R$ 600 milhões perdidos na economia, ou seja, 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do município. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio), de 300 estabelecimentos afetados, quase metade ainda não retomou as atividades.

Jair é empresário e comprou uma loja que foi fechada após as chuvas e colocada à venda. “Eu tenho duas lojas que foram atingidas pelas chuvas, mas, ainda assim, não desisti. Uma amiga corretora de imóveis me recomendou o estabelecimento que estava fechado, e agora vou inaugurar uma nova loja de decorações”, conta o empresário, Jair Fragoso.

Por Larissa Martins

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