Pessoas PCD’s reclamam da falta de acessibilidade em Petrópolis

Calçadas desniveladas, buracos, e espaços reduzidos entre muros e postes. Essa é a situação de muitas ruas em Petrópolis e como consequência as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência precisam tomar cuidado redobrado apenas para conseguirem exercer o direito de ir e vir na cidade. Como se não bastassem os obstáculos já existentes, sair de casa também não é uma tarefa fácil. As condições precárias do transporte público do município acabam tornando essas pessoas prisioneiras dentro do próprio lar.

Os elevadores, alavancas e cintos de segurança são só alguns dos problemas que muitas vezes impossibilitam que eles consigam utilizar os ônibus. Para Jessica Lima, professora de dança e mãe de Arthur, um menino cadeirante de apenas sete anos, muitas vezes os problemas e preconceitos surgem de outros passageiros.

“Tem pessoas que se solidarizam, mas na maioria das vezes o olhar torto vem para a mãe ou para a pessoa com deficiência. É como se dissessem que atrasamos a viagem, ou causamos transtornos nas viagens de ônibus. Todo mundo fica frustrado e estressado com o trabalho, que muitos acreditam que estamos dando. Mas nada disso é nossa culpa! E sim a falta de capacidade e qualidade do transporte público de Petrópolis”, disse.

De acordo com o artigo 46 da Lei Brasileira de Inclusão, o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, deve ser assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.

Um estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que mais de dois bilhões de pessoas precisam de um ou mais produtos “assistivos” para terem o mínimo de qualidade de vida, e possibilidade de locomoção. O problema é que quase um bilhão destas pessoas sequer tem dinheiro para adquiri-los. Uma cadeira de rodas, por exemplo, pode custar entre R$ 600 até os R$ 20 mil. E como se não bastasse elas têm a durabilidade reduzida quando são usadas em locais esburacados e que possuem muitos desníveis.

Jessica Lima afirma que é importante a participação de toda a sociedade em momentos como este.
“A pessoa com deficiência é colocada a margem da sociedade com frequência. É um processo que precisa ser mudado. Por isso, para que a sua viagem não demore e que aquele deficiente tenha o direito de ir e vir, o ideal é que todos reclamem e cobrem mudanças das empresas e do poder público”, esclareceu.

Diante de tantos problemas, Chen Li Cheng que é cadeirante há apenas três anos, decidiu elaborar um documento onde categoriza as denúncias feitas por outros passageiros que tem a mobilidade reduzida. Posteriormente ele vai enviar as informações para Câmara Municipal de Petrópolis, para que as empresas de ônibus do município sejam fiscalizadas de forma mais incisiva.

“Nós temos que andar na rua porque a calçada está tomada de buracos. É necessário que seja um projeto grande. Se nós que estamos no Centro já sentimos dificuldade, imagina as pessoas que moram mais afastadas. Meu conselho é: se você quiser desistir, desista de desistir! As calçadas também são nossas!”, informou Chen Li Cheng.

Por Gabriel Faxola/Imagem: Marlus Renatto

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