Nove meses após as tragédias, Petrópolis ainda vive momentos de incerteza

No calendário, o dia 15 de fevereiro seria uma data comum, mas se tornou uma marca para todos os petropolitanos e após nove meses de uma das maiores tragédias socioambientais da cidade, os questionamentos permanecem, principalmente com a proximidade do período de chuvas. A Defesa Civil do município tem enviado alertas com a previsão de chuva, há pelo menos duas semanas seguidas. Para os moradores que residem na Rua Frei Leão, a preocupação permanece, visto que as localidades ainda apresentam o mesmo cenário pós tragédia.

A prefeitura lançou na última segunda-feira (07), o Plano de Contingência para 2023 com o objetivo de minimizar os riscos de novas tragédias e, desde fevereiro, cerca de quatro mil famílias são atendidas pelo aluguel social. Além disso, 3.674 cartões do Programa Recomeçar foram entregues e 15 mil cestas básicas foram distribuídas pela gestão municipal. Mas em relação as intervenções nas localidades afetadas, como no Vila Felipe, pouco foi feito. O edital para o início das intervenções vai ser realizado neste mês. Já no Chácara Flora e Morro da Oficina, os moradores ainda aguardam as intervenções

A Comdep deu início a instalação de retentores de resíduos nos bueiros, e que cerca de 220 seriam desobstruídos por dia, mas pelo centro da cidade ainda é possível notar que alguns permanecem com lama, como na Travessa Vereador Prudente Aguiar, na Rua da Imperatriz e na Rua Nilo Peçanha.

Cristiane Gross é atendente e moradora da Rua Frei Leão, onde perdeu nove familiares. Para ela, o sentimento é de abandono. “Nada foi feito até o momento, nada. Estamos largados pelo poder público, foram nove familiares que perdi e nada mudou no local, nem uma folha”, relata. Além de Cristiane, Marcelo Alcântara, que também é morador da localidade, comenta que as casas estão sendo saqueadas há meses. “Nada foi feito e os furtos continuam acontecendo. Muitos não conseguiram tirar nada de suas casas e se a chuva não levou, os criminosos estão carregando. O acesso está horrível e com as chuvas recentes, tem piorado a situação”, esclarece.

Das intervenções de responsabilidade do Governo do Estado, cerca de R$ 400 milhões foram investidos para obras de recuperação da cidade. Na Rua Washigton Luís, 30% das intervenções foram executadas após os nove meses. Na Avenida Portugal, as obras de contenção de encostas, recuperação da cobertura vegetal do morro e drenagem das ruas chegaram a 60% do previsto no projeto. Já rua Conde d´eu, no bairro Castelânea, as intervenções estão em cerca de 10%. O mesmo tipo de intervenção acontece nas ruas Teresa, 24 de maio e Rua Nova, em que cerca de 50% das obras estão concluídas.

Por Richard Stoltzenburg

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