Vazamento de esgoto é problema antigo em Petrópolis

Nesta semana o Correio Petropolitano trouxe uma matéria sobre o despejo de esgoto no leito do Rio Quitandinha, no trecho da Rua do Imperador, no Centro Histórico, que tem sido problemas para donos de loja e moradores que passam pelo local. Após a Prefeitura informar que vai autuar a Águas do Imperador, responsável pela coleta de esgoto no município, sobre o vazamento, a concessionária informou ao jornal que o caso foi um problema pontual.

O Correio Petropolitano conversou com o professor Cleveland M. Jones que, além de presidente do Instituto Philippe Guédon (IPG), é especialista em saneamento e tratamento de efluentes. Ele contou sobre alguns dos problemas antigos de saneamento básico em Petrópolis. “Avaliamos a questão dos efluentes, inclusive chorume. Aqui em Petrópolis temos inúmeras falhas operacionais da Águas do Imperador, portanto não surpreende que tenham identificado despejo (não considero vazamento, mas sim despejo) em muitos pontos dos rios, como eu e outros já havíamos indicado. Isso exigirá um grande esforço no Centro, mas especialmente até Quitandinha, Bingen, etc, pois a água do rio já chega ao Centro com muito esgoto in natura. A ETE Quitandinha é muito pouco eficiente, pois o sistema de coleta não é de separação absoluta da corrente de esgoto que chega até a ETE via os troncos no leito dos rios (é de tempo seco), e quando chove grande parte é lançada no rio sem tratamento”.

O professor também aponta que a Águas do Imperador deveria mudar os métodos, entretanto prefere manter a opção mais barata se baseando no sistema de Paris. “Eu havia indicado que não se justifica ter captação de tempo seco como principal política de saneamento, ao invés de separador absoluto. Claro que não querem nem discutir essa alternativa, que exigiria elevados investimentos. Justificam o sistema atual com base na experiência de Paris”.

Cleveland termina afirmando que quando ele fez uma vistoria o descarte do lodo, que deveria acontecer em aterros, não acontece da forma correta. “Quando fiz uma vistoria técnica em Pedro do Rio, constatamos que o lodo não chegava ao aterro, apesar que a Águas do Imperador dizia que enviava para lá (mas sem manifesto, não pode). Isso sugere que o lodo era descartado de outra forma”.

Sobre o vazamento de esgoto, a Águas do Imperador esclareceu que “na última quinta-feira (05/01), um dos técnicos responsáveis pela vistoria diária em todas as áreas da cidade verificou a obstrução da rede de coleta mencionada, que ocasionou um transbordamento no local. A equipe de manutenção foi acionada e a desobstrução foi realizada no mesmo dia. A concessionária recebeu o ofício da Secretaria do Meio Ambiente no fim da tarde desta segunda-feira (09/01) e ao enviar uma equipe ao local, verificou que se tratava do mesmo problema pontual, solucionado na semana anterior.”

Já sobre o descarte de resíduos em Pedro do Rio, a concessionária disse que “o descarte de lodo é realizado de maneira correta e dentro de todas as normas ambientais. No aterro de Pedro do Rio, a concessionária descarta o entulho recolhido das obras. A empresa encaminha 100% do lodo produzido nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) para as Unidades de Compostagem de Resíduos no Rio de Janeiro.”

Foto e texto: Guilherme Mattos

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