O vereador Hingo Hammes (União) anunciou nesta terça-feira (25) que encontrou inconsistências na planilha utilizada pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) para o reajuste da passagem de ônibus. Um dos pontos é o salário da diretoria das empresas de ônibus, que foi de R$ 109 mil para R$ 517 mil de um ano para o outro, um aumento de quase 400%.

Além disso, o vereador também aponta outro problema. O custo do motorista por ônibus foi de cerca de R$ 6 mil para R$ 8 mil, um aumento de mais de 30%. Mas o salário dos rodoviários foi reajustado em 6,5%. Os encargos ficam em outro item da planilha.

“Infelizmente, o prefeito colocou o decreto no ar validando o aumento da passagem para R$ 5,30. Ainda estamos nessa luta para que a passagem volte para o valor anterior”, disse o vereador. “Estamos tomando os caminhos legais para reverter a situação. Isso não pode ficar assim. É um absurdo o que está sendo feito”.

Aumento repercute mal

No Diário Oficial com data referência de 21 de julho, o prefeito Rubens Bomtempo decretou o aumento da passagem a partir de domingo (30). O novo valor será de R$ 5,30 no dinheiro e R$ 5,15 no cartão RioCard. O valor dos executivos sofre acréscimo de, no mínimo, 30% acima do valor convencional.

Este já é o terceiro aumento que o prefeito Rubens Bomtempo concede às empresas de ônibus na cidade. Dois dias antes da tragédia de fevereiro de 2022, o chefe do Executivo reajustou o valor de R$ 4,20 para R$ 4,40. Depois, com a cidade ainda se recuperando dos efeitos da chuva, mais uma alta, de R$ 4,40 para R$ 4,95 no dinheiro e R$ 4,80 no cartão, que entrou em vigor no dia 22 de maio de 2022.

De fevereiro de 2022 a junho de 2023, a inflação acumulada é de pouco mais de 8%. No entanto, o valor da tarifa de ônibus subiu 26,2% no período, considerando o valor que será pago em dinheiro. Nas ruas, a população reclama da alta e também relatam problemas com o transporte público.

“A cidade é pequena e a gente não ganha para isso”, reclamou a moradora do bairro Thouzet, Edna Martins. “Meus ônibus estão sempre atrasados, nunca tem, está sempre quebrando”.

Enquanto conversava com passageiros no Terminal Centro, a reportagem ainda flagrou um ônibus da Petro Ita quebrado. O coletivo está acima do limite de uso previsto pela CPTrans, que é de 11 anos e o último licenciamento foi feito apenas em 2021. Ou seja, está com a documentação atrasada.

Histórico

As empresas de ônibus divulgaram uma planilha em que pediam o reajuste da passagem para R$ 5,53. No entanto, em reunião do Conselho Municipal de Transportes (Comutran) no início do mês, apenas os cálculos da CPTrans foram apresentados.

O conselho, comandado pelo governo municipal e as empresas de ônibus, aprovou o reajuste com ampla vantagem. Apenas cinco representantes da sociedade civil e o vereador Hingo Hammes votaram contra o aumento, contra 17 votos a favor.

O Setranspetro e a CPTrans não responderam aos contatos da reportagem.

Por Wellington Daniel