O aumento da passagem de ônibus entrou em vigor no domingo (30) em Petrópolis e continua repercutindo mal no meio político. O vereador Octávio Sampaio (União) fez uma live nas redes sociais em que critica a atual composição do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) e aponta que o grupo é utilizado como manobra para o prefeito Rubens Bomtempo “terceirizar a culpa” pelo reajuste da tarifa.

O vereador lembra que a decisão sobre o aumento da tarifa é exclusiva do prefeito. O Comutran apenas opina a respeito do tema, mas a palavra final cabe a Bomtempo. “O Comutran não tem caneta”, diz o vereador. A verdade é que o prefeito pilota dois terços do Comutran. Vai lá e joga a culpa no Comutran”.

A falta de paridade no conselho tem sido tema de diversas críticas entre os vereadores e a sociedade civil. Na Câmara, um projeto do vereador Hingo Hammes (União) tenta mudar essa realidade.

O próprio município reconhece o problema. A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) disse que colocou na pauta da próxima reunião o início da revisão do regimento e do decreto que criou o Conselho. A ideia é apresentar uma nova proposta de constituição do Comutran, criado em 1989. No entanto, disse que seguirá a legislação vigente até que qualquer alteração seja aprovada.

Governo tenta defender Bomtempo

Na tentativa de melhorar a imagem de Bomtempo em meio à crise, a Prefeitura liberou um texto à imprensa em que diz que a “recomposição tarifária” garantiu o aumento salarial dos rodoviários. Avaliando a planilha, o vereador Hingo Hammes afirma que houve um aumento de quase 400% no salário da diretoria das empresas. Além disso, considera um aumento no número de cobradores nos ônibus, sendo que, na realidade, estão sendo retirados.

Outro ponto é que o salário dos motoristas subiu 30%, segundo a análise de Hingo à planilha, mas o reajuste dado pelas empresas foi de apenas 6,5%, o que pode significar que os números foram inflados. O Correio Petropolitano também apurou que, desde 2020, as empresas mais demitiram que contrataram, com saldo negativo de 560 vagas.

O município diz, ainda, que as planilhas foram analisadas e aprovadas pelo Comutran, “um órgão de participação popular”, mas, como visto, a própria CPTrans reconhece a falta de paridade. Na verdade, o órgão tem sido comandado pelas empresas de ônibus e o governo municipal.

Debate na justiça

Continua no Poder Judiciário os processos abertos por políticos para tentar derrubar o aumento. Até o fechamento desta edição, o mandado de segurança da vereadora Júlia Casamasso tinha sido encaminhado para a segunda instância. O juiz da 4ª Vara Cível, Jorge Luiz Martins Alves, tomou a decisão pelo processo ser contra um ato do prefeito Rubens Bomtempo.

Já a ação popular movida pelo deputado federal Hugo Leal (PSD) e os vereadores Eduardo do Blog (Rep), Gilda Beatriz (PSD) e Eduardo do Blog deu entrada para conclusão do juízo ontem (31). Até o fechamento, esta era a última movimentação.

Por Wellington Daniel/Foto: arquivo TVC