Após 25 anos, Romulo Kuranyi está de volta na cena nacional

Suas obras ganharam destaque em exposições na Europa

Por Leandra Lima

As artes plásticas transformam matérias em imagens dando sentido artístico, que revelam a poética e a concepção de tempo e memória de cada artista. Elas expressam sentimentos, para criar uma obra é necessário pensar no contexto social que ela se insere levando em consideração a subjetividade de cada criador. Considerando estes aspectos o artista plástico, Romulo Kuranyi, traz em suas construções artísticas aspectos únicos e singulares que envolvem sua essência e experiências de vida. Ele nasceu em Petrópolis, saiu do Brasil ainda criança, foi para Alemanha com os pais e de lá conheceu outras culturas e países, onde suas obras fizeram sucesso na Europa. Agora ele retorna para a casa e busca se reconectar
com o país de origem. “O que eu pinto tem muita a ver com a minha vida”, disse o artista.

O viés artístico de Romulo começou quando tinha 1 ano de idade. Ele conta que ainda bebê riscou uma parede inteira do apartamento em que estava com seus pais em Copacabana, Rio de Janeiro, na situação, sua mãe lhe repreendeu e falou que o pai ficaria bravo, porém quando o mesmo chegou, revelou que
estava tudo bem, frisando que o filho era um artista. A partir disso Kuranyi se interessou ainda mais pelo o ofício, porém pintava suas obras para si, pois o pai mencionava que era importante ter um trabalho ressaltando que a arte não era uma coisa que seria para se sustentar, mas, sim, um objeto de amor. Com isso o mesmo não pensava em viver da própria arte e pintava sem observar o seu estilo, explorava os estímulos que chegavam, mas nada além disso.

O despertar da carreira foi após o comentário de uma amiga da família que, quando viu os quadros, imediatamente falou para a mãe do artista que ele era muito talentoso e que sua arte precisava ser mostrada ao mundo. “A amiga da minha mãe foi uma das pessoas que me ajudou a fazer as primeiras exposições, na França e na Itália”, conta. No início de sua carreira, logo na segunda exposição feita na Itália, Romulo Kuranyi, ganhou um prêmio como segundo maior artista da Europa, em sua categoria.
“Quando isso aconteceu, alguma coisa entrou em colapso no meu sistema, porque tinha a visão que
artista não conseguia sobreviver da arte, mas percebi que alguma coisa estava errada, pensei o porque ganhei o prêmio e assim vi que tinha algo a mais nesse caminho. Mesmo com essa percepção demorou um tempo para que eu tomasse coragem e decidir que queria viver da arte”, relatou.

Estilo

Uma característica marcante nas obras do artista são as facetas, que possuem diversas formas e se complementam uma com a outra. Facetas podem ser lidas como faces que possuem diferentes ângulos e lados. “Todo ser humano tem muitas facetas, nós somos movidos por diversos sentimentos”, falou o artista. Romulo fala que seu estilo diz muito sobre sua vida, e adicionou que as fortes cores presentes em
cada obra expressam quem ele é realmente, seja com sua família, amigos e artisticamente. “Minhas obras tem muito a ver com a minha vida. Sou multicultural, meu pai é alemão, minha mãe brasileira, meu avô é húngaro, minha vó da Norwegia, eu morei na Inglaterra, Rússia, então eu vi muitas facetas e culturas diferentes. Acho que isso é uma parte muito grande da minha arte, pois consigo mostrar isso e ainda trazer minhas raízes que não é apenas brasileira, pois carrega todas essas identidades”, revelou.
Além de mostrar diversos lados de um ser, o artista busca passar através de seu trabalho que o pensamento positivo sempre vence. “Na vida há momentos de tristeza, depressão, mas se for buscar um lado positivo, tudo melhora, olhar para o lado bom das coisas atrai boas energias”, fala.

Volta ao Brasil

Mostrar toda a beleza das multifacetas é o que deseja Kuranyi, que chega ao Brasil, em sua cidade natal depois de 25 anos fora. Para mostrar essa reconexão o artista já está preparando um projeto intitulado
Abrasileirando, que pretende contar sobre ele voltando ao país depois de todos esses anos fora. Dentro do processo objetos que são considerados relíquias sentimentais brasileiras, como fusca, cadeira de praia, Kombi, havaianas, mesa de botequim entre outras matérias que fazem parte desse conjunto.

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