CPTrans ineficiente: 38% da frota de ônibus já não poderia operar em Petrópolis

Por Richard Stoltzenburg

Após um levantamento da TV Correio da Manhã e do Correio Petropolitano, com base nas documentações dos coletivos de Petrópolis, realizada nesta segunda-feira (27), apontou que dos 318 coletivos das quatro empresas de ônibus de Petrópolis, 121 não deveriam mais operar, o que equivale a 38% de toda a frota da cidade.

Isso porque os coletivos já ultrapassaram a determinação da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), que define o tempo máximo de 11 anos de operação após o ano de fabricação dos veículos para ônibus comuns e oito anos para micro-ônibus. Contudo, muitos coletivos continuam com a operação na cidade normalmente. Entre as empresas, 40 são da Cidade Real, 36 coletivos são da Petro Ita, 26 da Turp e 24 da Cidade das Hortênsias. A empresa Turp ainda tem outros dois que o prazo termina neste ano.

A determinação garante a segurança aos passageiros, todavia recorrentes quebras e acidentes foram registrados em Petrópolis, principalmente da empresa Petro Ita. Para Moacir Cardoso, morador da localidade Dr. Thouzet, utilizar os coletivos atualmente é um risco. “Essa semana o coletivo estava com o pneu careca e quase tivemos um acidente grave. Hoje não me sinto seguro em andar nos ônibus”, comenta o aposentado.

Licenciamento

Mas o ano de fabricação não é o único problema do transporte público da cidade. A apuração apontou que 43 coletivos operam com os documentos atrasados e 131 coletivos tem até o fim deste ano serem pagos e 230 operam de forma regular. Entre as quatro empresas que atuam na cidade, a Petro Ita atualmente opera com 43 coletivos em atraso e 32 com licenciamento de 2023. Já a empresa Turp tem 99 ônibus com documentos de 2023 e 11 atualizados. A cidade das hortênsias e a Cidade Real estão com todos os veículos em dia. São 56 e 77 respectivamente.

Crise é consequência de má gestão

A crise do transporte em Petrópolis é consequência de más gestões ao longo dos últimos anos. Somente nos últimos três anos, a CPTrans foi controlada por quatro presidentes, contudo, nenhum deles com conhecimento técnico, mas sim como cargo político. O primeiro presidente da companhia, durante a gestão Bomtempo foi Jamil Sabrá, exonerado após uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), encaminhar uma denúncia a Vara Criminal por suspeita de chefiar organização criminosa para desvio de recursos enquanto esteve na Prefeitura de Petrópolis, em 2022. Quem assumiu o cargo em julho de 2022 foi Fernando Badia, que também não ficou muito tempo no cargo. Ele deixou o cargo no dia 28 de abril de 2023 após ter o nome citado em suposto esquema de rachadinha na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Após a saída de Fernando, quem assumiu a presidência da companhia foi Thiago Damasceno. Mas não conseguiu se afastar das polêmicas, após a CPTrans ser alvo de investigações por manter um “funcionário fantasma”. Thiago deixou o cargo neste ano para concorrer as eleições municipais e quem assumiu foi Diogo Cezar Esteves de Araújo.

Enquanto o cargo de presidente da CPTrans é utilizado como jogo político, a população sofre com o serviço prestado. De acordo com o Comutran, somente na última segunda-feira (26), 27 coletivos quebraram e cinco linhas estavam sem ônibus. Desse total, 23 eram da Petro Ita e 4 da Cidade das Hortências. As linhas sem operação também eram de responsabilidade da Petro Ita.

A prefeitura de Petrópolis e o Setranspetro foram procurados, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.

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