Inauguração da horta sensorial em Magé promove acesso igualitário para alunos com deficiências

Hortaliças com aromas, cores, texturas e sabores variados para aguçar os cinco sentidos e proporcionar acesso e novas oportunidades de aprendizado para alunos com deficiência. A iniciativa faz parte da primeira horta sensorial destinada aos alunos com algum tipo de necessidade especial do Ciep E-Tec 441 – Mané Garrincha, em Magé, na Baixada Fluminense.
Anteriormente conhecido por seus canteiros de hortas tradicionais, o Ciep reorganizou suas instalações para acomodar os novos alunos PcDs (Pessoas com Deficiência) de maneira inclusiva. A ideia partiu dos próprios estudantes que entenderam a importância de adaptar o ambiente para acolher a todos com conforto e estímulo adequados.

O caminho até a horta, que agora tem mais canteiros, foi ampliado com a estrutura de acessibilidade já existente na unidade, o piso tátil e o chamado “blue line”, uma faixa azul que indica o caminho do cadeirante aos espaços externos de ensino aprendizagem como a biblioteca, o prédio com as salas de aula e agora ao Laboratório Lixo Zero, onde funciona a horta sensorial.
Foram selecionadas plantas com texturas, aromas e cores distintas, a fim de serem exploradas pelos alunos com deficiências visuais, auditivas e intelectuais, permitindo uma experiência sensorial rica e inclusiva. Em grupos mistos formados por alunos com diferentes habilidades e sob mentoria daqueles que têm mais facilidade no trato com as plantas, os estudantes irão dividir as tarefas de plantio e cuidado da horta, gerando interação e união.
Eles serão acompanhados pelos orientadores educacionais, professores articuladores da Educação Especial e profissionais de apoio, para garantir que estejam confortáveis e seguros durante as atividades. O envolvimento da família também será estimulado por meio de oficinas sobre cultivo de plantas e nutrição.
Durante a inauguração, os novos alunos participaram ativamente, deixando suas marcas com pinturas das mãos nos muros da estrutura, simbolizando sua integração e participação no projeto. Para o estudante incluso, Tiago Moraes, a iniciativa vai ajudá-lo a se enturmar e também a comer o que gosta.
— Achei legal, vai fazer os outros alunos terem mais empatia pelos inclusos. Agora vou comer alface na minha saladinha — afirmou o jovem aluno.
O envolvimento dos alunos em atividades como o plantio, cuidado das plantas e preparação dos chás também favorece a formação de vínculos afetivos com os colegas e professores, fortalecendo a coesão social dentro da escola. A iniciativa também foi aprovada por Alisson Marins, outro estudante incluso da escola.
— Eu ajudei a fazer girassóis, ela ficou muito bonita e colorida. E gosto de molhar hora e de colher, ela é muito importante pra gente se sentir parte da escola e da sociedade — afirmou o aluno.
A horta oferece um espaço seguro e estimulante, onde cada aluno pode se expressar e desenvolver suas habilidades em seu próprio ritmo, sem as barreiras impostas por um ambiente de ensino convencional. Dessa maneira, a unidade garante o acesso dos alunos com mobilidade reduzida de forma segura, a fim de que todos participem das atividades, o que produz um forte sentimento de identidade e fortalece a cultura do cuidar.
A horta sensorial também se alinha com as diretrizes da educação inclusiva prevista no Manual de Proteção Escolar e Cidadania – 2ª Edição 2023 Rio de Janeiro, documento norteador para os Orientadores Educacionais e Diretores que visam garantir que todos os alunos tenham acesso a oportunidades de aprendizado que respeitem suas necessidades individuais.
Apesar de ter sido pensado para os alunos inclusos, a iniciativa acabou envolvendo todos os estudantes, seja atuando na montagem do canteiro, pintando a estrutura, desenhando ou cuidando da horta. A iniciativa não só fortalece os laços entre alunos dentro da escola, mas também serve como um exemplo inspirador de como a educação pode ser adaptada e enriquecida para atender às necessidades de todos os estudantes, independentemente de suas capacidades físicas, como explica o professor e orientador educacional, Alexandre Magno.
— Ao receber os alunos inclusos nós percebemos que eles não tinham como acessar os canteiros já existentes. A partir daí nós, junto com os atuais estudantes, iniciamos um processo de mudança — disse o educador.
A diretora da unidade, Anna Carla, confirma a iniciativa.
— Nosso maior objetivo é sensibilizar o cuidado e o afeto entre os alunos e foram eles que deram as ideias e se ofereceram para ajudar a construir — endossou.
O contato com a natureza, aliado à prática de atividades ao ar livre, contribui para a redução do estresse, melhora da concentração e aumento da autoestima, aspectos particularmente relevantes para alunos com deficiências e transtornos. Além disso, o consumo dos chás produzidos na horta pode ser incorporado a atividades de educação nutricional, ensinando os alunos sobre hábitos alimentares saudáveis e o valor medicinal das plantas.
Com a inauguração da horta sensorial, o Ciep E-Tec 441 – Mané Garrincha reafirma seu compromisso com a educação inclusiva e segue como um modelo de excelência para outras instituições educacionais, fazendo mais do que o papel de educar, ensinando com amor e carinho as novas gerações.
Fotos: Jessica Nunes/Seeduc-RJ