Quase 400 ciclistas já foram ouvidos no mês de agosto em pesquisa do Perfil do Ciclista Brasileiro

O levantamento, que segue até o dia 16 deste mês de setembro ajudará a compor a pesquisa nacional e servirá de base de dados para a composição do PDC de Petrópolis.

O levantamento do perfil do ciclista de Petrópolis, que faz parte da campanha nacional que pretende traçar o Perfil do Ciclista Brasileiro (2021), ouviu, no mês de agosto, quase 400 ciclistas. Em 18 dias, as dezenas de voluntários do projeto, que na cidade é coordenado pela Associação dos Ciclistas de Petrópolis – Acipe, entrevistaram os usuários da bicicleta em diversos pontos da cidade, como no Centro Histórico e bairros como Quitandinha e Bingen, além dos distritos de Cascatinha, Itaipava e Pedro do Rio. O levantamento, que segue até o dia 16 deste mês, servirá de base para a criação do Plano Diretor Cicloviário de Petrópolis.

Entre as pessoas ouvidas durante a campanha, está a Glaucia Moreira, proprietária de uma loja online. Aos 36 anos, ela voltou a pedalar em janeiro do ano passado e encontrou na bicicleta uma forma de lidar com o Lúpus, doença autoimune que não tem cura, mas tem tratamento. “Desde o começo do tratamento, o médico me falou que tinha que fazer atividade física e que era parte do tratamento. Comprei uma bicicleta bem simples, meu irmão me chamou um dia para ir até a Barão (do Rio Branco), pedalando, e peguei o gosto. Comecei a andar sozinha na rua e ir para o trabalho. Faço entregas de produtos da loja que tenho online. Sempre gostei de andar de bicicleta e hoje procuro incluí-la o máximo que posso no meu dia a dia, me faz muito bem”, conta.

No questionário, os voluntários ouviram ainda histórias como a do André Paiva, estudante de arquitetura e membro do Núcleo de Urbanismo da Acipe, que descobriu que a bicicleta poderia ser a alternativa para encaixar uma rotina diária de exercícios na vida corrida. “Comecei a pedalar em Petrópolis numa fase onde cada minuto do meu dia foi ocupado pelos estudos do curso de Arquitetura e Urbanismo. O único momento possível para me exercitar se tornou o trajeto de casa para faculdade”, conta o estudante que, de cima do selim percebeu o aumento de ciclistas na cidade. “Também passei a notar que o número de motoristas que respeitam a bicicleta, enquanto o veículo que ela é, está cada vez maior, ainda que haja exceções”.

E o futuro arquiteto e urbanista passou a ver a partir da bicicleta os desafios que a cidade enfrenta. “Temos engarrafamentos dignos de um município com a proporção de automóveis por habitante altíssima, 17,8% maior que a média nacional e 46,5% maior do que a estadual, segundo último relatório da CPTrans (Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes). Tornar a cidade realmente convidativa para a adoção da bicicleta, ante os modais motorizados, significa aumentar nosso tempo livre, melhorar nossa saúde pelo exercício, pelo ar mais limpo e pela segurança sanitária. Significa reduzir as despesas com transporte, aliviar o orçamento familiar”, pontua.

E o que os voluntários que fazem a pesquisa têm percebido é que a mudança no estilo de vida e a adoção da bicicleta como meio de transporte vem se tornando cada vez mais comum na cidade. O ciclismo deixou de ser apenas um hobby e vem conquistando cada vez mais adeptos em Petrópolis. Uma mudança acentuada pela pandemia da Covid-19. Dados da Aliança Bike, associação que reúne 3/4 dos fabricantes, montadores e importadores de bicicletas no Brasil, a venda de bicicletas em 2020 teve um aumento de 50% em relação ao ano anterior. A explosão de vendas no último ano continua em 2021 aquecendo ainda mais o mercado. “A bicicleta, além de ser um transporte mais sustentável, traz outros benefícios para quem utiliza no seu dia a dia. Seja na parte física, pois necessita do seu esforço para usá-la, ou na parte econômica devido aos aumentos constantes dos combustíveis”, diz Isabella Guedes, presidente da Acipe.

Plano Diretor Cicloviário

O documento que vem sendo confeccionado em Petrópolis, que é um levantamento feito, em todo o país, pelas organizações Transporte Ativo, LabMob e Observatório das Metrópoles, servirá também para fundamentar (como base de dados) a confecção do Plano Diretor Cicloviário – PDC, que está em fase de preliminar elaboração dentro da Comissão Especial de Mobilidade Cicloviária, que ocorre na Câmara Municipal de Vereadores desde o início do ano passado.

“Os voluntários possuem papel fundamental no fomento de políticas públicas no município, no que diz respeito à ciclomobilidade. Ou seja, nas ações que pensam a integração da bicicleta como meio de transporte seguro em nossas vias”, lembra a presidente da Acipe, que destaca também que a coleta de dados é um ponto de partida fundamental para a elaboração do PDC. “Com base em informações como: quais são as pessoas que utilizam a bicicleta na cidade; como elas se deslocam; quantas vezes na semana fazem esse deslocamento; qual o trajeto, nós geramos subsídios para os gestores públicos, engenheiros de tráfego e urbanistas pensarem soluções para tornar esse modal de transporte mais viável”.

Esta é a primeira vez que a Acipe, ou seja, Petrópolis, participa da aplicação da pesquisa. “Por aqui, nossa meta é entrevistar 654 ciclistas que usam a bicicleta como meio de transporte pelo menos uma vez na semana. Os dados precisam ser coletados em diferentes pontos da cidade, especialmente em vias que interligam bairros, como a Avenida Barão do Rio Branco ou a Rua Coronel Veiga, por exemplo. E a coleta deve ser realizada entre segunda e sexta-feira, justamente para ter como alvo os ciclistas que usam a bicicleta como meio de transporte”, ressalta a presidente da associação de ciclistas.

O objetivo do levantamento é de que os dados supram parte da grande necessidade de informação sobre a ciclomobilidade em Petrópolis e alimentem o PDC, cujo desenvolvimento iniciará em breve. “O planejamento da cidade, das rotas e da infraestrutura necessária para estimular o uso da bicicleta parte do levantamento de dados. Um bom plano cicloviário servirá de base para pensar as políticas públicas não apenas de um governo, mas das gestões futuras. Ele é um documento que deve ser seguido no planejamento viário, assim como o Plano de Mobilidade Urbana”, destaca a arquiteta e Urbanista Alline Serpa, do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo da Acipe.

A pesquisa

A pesquisa vem sendo aplicada presencialmente, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária (distanciamento, uso de máscara e higienização com álcool em gel). O levantamento conta com o apoio da Prefeitura de Petrópolis, por meio da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes – CPTrans, da Coordenadoria de Planejamento e Gestão Estratégica – CPGE e da secretaria de Esportes, além da Câmara Municipal de Vereadores de Petrópolis. Mais informações também podem ser obtidas pelo e-mail acipe.br@gmail.com ou pelo telefone (24) 98837-2638.

Compartilhe!

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.