Dia Mundial da Saúde Mental: Terapia com costura salva vida de paciente do CPRJ
Durante tratamento na unidade por cinco anos, a costureira Maria José Emiliano reencontrou a motivação em um projeto de atenção psicossocial do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ)
Nesta quinta-feira (10), é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental e a Secretaria de Estado de Saúde conta a história de Maria José Emiliano que encontrou na costura, uma paixão antiga, a saída da depressão. Paciente do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ) por cinco anos, Zezé, como é conhecida, ainda visita regularmente a unidade onde encontrou uma rede de apoio para enfrentar um dos momentos mais difíceis da vida.
Atualmente, Zezé utiliza o amor pela costura também como sustento. Ao criar uma marca própria, chamada “Costurando Ideias”, ela faz vestidos, bolsas, pochetes e artesanatos, e ainda ajuda o CPRJ na criação de novas peças. Com nova perspectiva, ainda divide o tempo com os estudos para aos 50 anos terminar o ensino fundamental.
Mas a história da costureira começa na Paraíba, de onde saiu há cerca de 30 anos, para morar em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Naquela época, a filha de Zezé era um bebê, as duas vieram para a capital fluminense, onde se mudaram em busca de melhores condições de vida na capital fluminense. No entanto, ao vivenciar dois episódios trágicos com familiares, Zezé viu a esperança de realizar o sonho profissional na cidade grande se tornar um grande pesadelo.
“Logo quando cheguei aqui, presenciei um acidente com uma das minhas irmãs que morreu de forma trágica. Nove meses depois, uma outra irmã desistiu da vida. Tive que conviver com tudo isso e não fiquei nada bem, entrei em depressão e comecei o tratamento no CPRJ”, conta, Zezé.
Ao chegar na unidade, ela encontrou um equipamento muito familiar aos bons momentos pessoais: a máquina de costura. Presente no dia a dia do projeto “Bem Arteiras”, o objeto faz parte da iniciativa que existe há 20 anos e tem o objetivo de desenvolver as potencialidades dos pacientes por meio de atividades manuais e da utilização de uma máquina de costura.
“O “Bem Arteiras” começou inicialmente como uma oficina de fios e, aos poucos, foi ganhando outras dimensões. Hoje o projeto ajuda muito na construção de objetos que são utilizados, por exemplo, no atendimento a pessoas com transtorno do espectro autista. Por isso, acredito que ele oferece a possibilidade do paciente com saúde mental de descobrir sua potencialidade”, ressalta, Eni da Silva, terapeuta ocupacional do CPRJ.
As atividades no projeto têm sido aprovadas por Zezé, que continua a frequentar o espaço e destaca como a costura ajudou no cuidado com a doença. “O tratamento que eu tive aqui salvou a minha vida. Eu sempre fui muito bem acolhida e descobri novamente na costura uma solução para ocupar a mente e ganhar mais autonomia no meu dia a dia”, relatou Zezé.