Cartórios de Registro Civil apontam que Petrópolis tem média de 54 órfãos por ano desde 2021
Levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil do Rio de Janeiro aponta que 54 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano em Petrópolis. Os dados, pela primeira vez consolidados a nível estadual, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por ao menos um quarto da orfandade no município, correspondendo a 11 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 41 órfãos.
O levantamento abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, inviabilizando uma correlação exata entre ambos os registros, número que ficou consolidado a partir de 2021.
“Foi possível chegarmos a este número graças ao CPF, utilizando-o como número identificador único. Com a inclusão do número do documento em diversos atos foi possível realizar um cruzamento sólido das bases de registros de óbitos e nascimentos, até chegarmos a números concretos e aos níveis de orfandade no estado do Rio de Janeiro” explica Stênio Cavalcanti filho, presidente da Anoreg/RJ.
Segundo os dados consolidados do levantamento dos Cartórios de Registro Civil, além dos 41 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 50 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 64 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 62, o que deve superar o recorde do ano passado neste período.
Fenômeno da Covid-19
Os dados apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, 16 crianças órfãos de pelo menos um de seus pais em Petrópolis. Se forem consideradas doenças correlacionadas ao coronavírus no período, como Insuficiência Respiratória – 5, o número pode chegar a ao menos 21 crianças órfãos por causa de doenças relacionadas à Covid desde 2019.
O levantamento ainda aponta reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como Infarto, AVC, Sepse e Pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.